segunda-feira, 23 de maio de 2011

Arizona Vida Selvagem #2: Bug pequenito

Como já vem sendo hábito na família bolacha, um dos dias do fim-de-semana é dedicado à jardinagem, coisa que até dá prazer a monsieur e madame bolacha, em parte porque o podem fazer juntos. Não tem o sossego de um filme no sofá e nem a conversa de um passeio pela vizinhança, mas trabalhar lado a lado, ainda que às vezes em lados (da casa) opostos, tem o seu quê de ternurento.
Normalmente madame bolacha trabalha de tesoura da poda em riste -- a estória do arbusto diz-vos alguma coisa? A quem diz ficai sabendo que sim, ainda lá está (a quem não diz, é favor começar aqui, continuar aqui, e terminar aqui, obrigada), atenção ao advérbio, daqui a uns tempos voltamos a conversar.
Como manda o figurino, são da responsabilidade de monsieur bolacha as tarefas mais árduas. Desde o cortar da relva ao operar do soprador de folhas (leaf blower), tudo o que exige mais esforço físico é automaticamente recambiado para o seu corpo forte e musculado.*
Recusando-se terminantemente a podar o arbusto zombeteiro, madame foi-se às palmeiras, cujas folhas amaldiçoadas as faziam parecer despenteadas. Com o cuidado necessário a quem, mesmo podando de luvas, sabe que em pico de folha de palmeira não se deve meter a mão, madame bolacha lá foi podando folha atrás de folha, palmeira atrás de palmeira. Sempre com calma, com meiguice, que nesta coisa da flora do jardim já aprendeu a senhora que a dita por vezes vira o ramo à tesoura e agride sem dó nem piedade.
E eis que, contemplando o alvo do próximo corte, madame viu...


Na base de uma folha de palmeira já cortada, um louva-a-deus pequenino e saltitante. Ao fundo, qual banda sonora, o soprador de folhas.

*Maria escreve sentada no sofá, ao lado do marido. Maria tem estado a traduzir excertos deste texto e sabe que o marido vai apreciar a adjectivação. Além do que Maria está a apreciar a companhia e só lhe apetece escrever coisas bonitas. O espírito do texto é esse, e Maria desde já pede desculpa a quem não está para ler pirosadas logo ao início da semana. Maria entende. Maria promete ser breve. Maria até tem coisas a dizer sobre este tipo de textos tão fatela. Mas Maria não as dirá hoje. Ufa, Maria conseguiu escrever Maria dez vezes num só parágrafo. Maria acha que é obra. E pateta.

Nota da redacção: Este é o segundo texto de uma série que vou tentar escrever durante a semana. O tema, o Arizona. Porque o Arizona não é só escorpiões, o Arizona não é só deserto, o Arizona não é só cactos. O Arizona é, surpreendentemente, bonito. E sim, as vírgulas são assim mesmo. Porque eu fui apanhada de surpresa.

2 comentários:

  1. Done. Cheguei ao fim, que é o princípio.

    Como este comentário é a título pessoal (e não profissional) tomo a liberdade de usar o tratamento por tu. Se não te importas, vim para ficar :)

    Gosto muito :)

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  2. Jonas,
    Ufa, isso é que é fôlego!
    Trata por tu, trata, que eu sou rapariga simples. E não, não me importo, sou tão fixe que até me exporto -- piada nerd de uma geek do comércio internacional.
    Também já andei a vasculhar nos teus arquivos e gostei muito da tua escrita. Tal como tu, fui para ficar.
    Um sorriso!

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