terça-feira, 8 de março de 2011

La vengeance do arbusto, II

(Se não estiverdes familiarizados com esta saga, é favor não serdes batoteiros e começardes por ler 

Trac, trac, trac, ouviu-se durante uma boa meia hora. A dona da casa era paciente e cortava um galho de cada vez, sem pressas. Abstraída da tarefa, aproveitava o calor do sol e planeava a agenda da semana. Enquanto isso a tesoura continuava trac, trac, trac.
O arbusto, esse, mantinha-se atento e não deixava escapar despercebido cada corte, cada incisão, que lhe levavam tanto de corpo como de orgulho. Crescia a sua fúria na mesma proporção em que diminuía o seu volume.
Trac, trac, trac, e a dona de casa estava agora absorta na aula de música a que ia no dia seguinte com a filha, era a primeira vez e estava curiosa. Havia pois chegado o momento!
Assim que a dona da casa puxou um ramo com maior intensidade e logo o cortou, o arbusto chibatou-a com outro em cheio no olho direito. A dona da casa nem teve tempo de o fechar, de tão rápido e certeiro foi o arbusto. De imediato caíram por terra as luvas e a tesoura de podar. Lágrimas quentes escorriam cara abaixo da dona da casa, que ficou atordoada e sem ver direito. O arbusto ria para consigo desta sua pontaria e do trocadilho que proporcionava.
O final desta aventura já se antevê. A dona da casa, com uma possível lesão da córnea, teve de ir ao oftalmologista no dia seguinte, não sem antes investir quase três horas ao telefone a conversar com uma enfermeira, duas secretárias de clínicas de oftalmologia, e um sem número de pessoas da agência de seguros de saúde da própria, que é sabido que nos Estados Unidos ou se tem seguro de saúde ou bem, é melhor nem considerar essa alternativa.
Como o tempo é indiviso e pouco flexível, a aula de música teve de ser adiada, para tristeza da dona da casa e para nada da filha, que só tem ano e meio e não fazia ideia dos planos para Segunda-feira. 
O arbusto, zombeteiro e vingado, permanece no backyard. Ignora todavia que ganhou apenas uma batalha e não a guerra. Porque essa, como é natural, e a bem da harmonia do casal, ganha sempre a dona da casa.

[Continua]

1 comentário:

  1. Esse arbusto ainda não percebeu com quem se meteu! Ele que se cuide, ou ainda acaba numa fogueirinha mais quentinha que aqueles míseros 50º que ja enfrentou alguns Verões.

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