quarta-feira, 8 de junho de 2011

Os três da Terça de manhã: golfinhos, polícia e Brad - Parte III

As primeira e segunda partes da tríade diabólica aqui e aqui, respectivamente.

Fez ontem uma semana que se perdeu mais uma virgindade -- vós já sabeis que sou moça dada à celebração da efeméride, por mais humilde que seja, pois que cá no blog impera o politicamente correcto, ou não estivéssemos nós, meu tão doce blog e eu, em terras de Tio Sam.
Meu tão casto driving record desgraçou-se todinho ante a investida do senhor polícia. Mesmo sem um convite para jantar, uma flor vendida por um "quéfrô", ou um copito de vinho tinto, tem sempre de ser tinto, foi-se a pureza, foi-se a inocência, que uma vez perdida não há mapa com X no sítio que a encontre, a sério, eu já tentei. Ao menos foi meiguinho o officer e nem doeu tanto assim, facto que me serve de alguma consolação. Alivia-me, até, a própria consciência, refutando qualquer hipótese de que é sempre positiva a correlação entre o pecado e o peso.
Mas e agora, Maria, como é?
Agora, meus amigos, agora tenho três opções que passo a explicar, para que comigo percorrais este caminho da ignorância até ao conhecimento.
A primeira opção é pagar a multa, pagamento que, para minha comodidade, pode ser feito por telefone, online, ou por correio caracol, tradução directa de snail mail e que designa, muito apropriadamente, os favores prestados pelos United States Postal Services. A multa custa uns módicos $181, valor a que acrescem $27.60 de "Court Technology Enhancement Fee", que eu não sei o que é e os gajos não explicam. Todavia, para além da chatice de desembolsar o carcanhol, a multa vem com um bónus de três pontos de penalização na carta de condução, coisa que até nem me chatearia não fora o seguro do carro depender da imaculabilidade do driving record. Recorde infame, seguro mais caro não sei por quanto tempo, uma chatice.
A segunda opção é ir a tribunal disputar a multa ainda que eu fosse mesmo em excesso de velocidade: a zona era de 40 milhas por hora (64.37 km/h) e eu ia a 55 m/h (88.51) -- caraças, posto em km parece tão pior do que em milhas! -- e se a rua é longa e se os limites de velocidade saltitam entre as 40 m/h e as 45 m/h não importa para o caso. Como no sítio onde se pede o julgamento/audiência há uma frase depois da qual tenho de assinar que diz "I request a trial/hearing to contest the carges indicated below. I enter my plea of not guilty/responsible." blá blá blá (bold no original), e eu ia em excesso de velocidade, isto parece-me, no mínimo, feio. Se o polícia não aparecer à audiência para dizer que sim, que eu transgredi, o processo é arquivado. Se o polícia aparecer eu sou dada como culpada, lá pago a multa que o juíz decidir, que pode bem ser superior à prevista, com direito ao bónus na mesma, e ainda venho para casa morder-me toda por ter perdido tempo e gasto uma manhã ou tarde nisto. Outra grande chatice, já que a par da multa, do bónus e do seguro mais caro ainda vêm ainda o custo da gasolina e do estacionamento. Para não falar dos nervos de ir a tribunal à espera de ver o polícia aparecer ou não.
A terceira opção é fazer um Defense Driving Program, basicamente um curso de condução, a completar sete dias antes da suposta data do julgamento. Este curso tem a duração de quatro horas e no fim um exame no qual se pode falhar até 20% das questões. Constituído por 12 segmentos ou lições de alguns minutos cada, os sonsofbitches estão preparados para exigir presença humana e não serem passíveis de shortcuts rumo ao exame. Esta opção faz com que o meu record seja submetido a uma espécie de plástica de reconstrução da pureza. Se por dois anos me portar bem e não andar metida na má vida (ou boa, depende da perspectiva) lá volta a ser donzela a minha carta de condução. Se teimar em pecar e o meu pé acariciar algo mais intensamente o pedal do acelerador, e se a isto assistir um officer mais voyeur, lá virá a multa sem hipótese de nova salvaguarda da castidade.
Eu vou-me à última opção. Amuada, zangada, e irritada, vou-me ao programa de condução defensiva. Prática que, aliás, tenho vindo a implementar de cada vez que à estrada me faço, amuada, zangada, e irritada.
Preparai-vos então para um sem número de posts sobre esta maravilha de púgrama!
Ide pois, ide conduzir! Mas conduzi com juizinho!

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