Um mês de bolachas

O meu blog faz hoje um mês. 

Um mês de bolachas e bolachadas, de muitas horas, ora sentada ora de pé, de escreve, apaga, escreve, apaga, escreve, publica, corrige, corrige, corrige, porque assim que publico um post encontro-lhe logo uns quantos erros crassos e mais mil e uma questiúnculas a corrigir. Um mês de espera por comentários, de regozijo quando há uma trinca e de alguma tristeza quando ninguém diz nada. Um mês mais entretido, mais atribulado, mas principalmente mais acompanhado. 

Pois foi a busca de companhia que me levou a criar o blog. Foi uma decisão demorada, levei muito tempo a passar do "e se eu" para o "eu vou". A consciência e o receio de não ter nada de interessante* sobre que escrever detinham-me, afinal há tantos blogs por aí, e entre esses alguns tão bem escritos que até dá raiva, porquê mais um, e porquê um meu. Assim que comecei a divulgá-lo era mesmo essa a pergunta que os meus amigos me devolviam, uma pergunta que uma vez verbalizada se tornava de mais difícil evasão.

Depois do clássico post de estreia, no qual mencionei o meu gosto pela palavra nenúfar e o seu uso insuficiente no meu quotidiano, e assim clarifiquei um propósito para o meu blog, depois dos previsíveis posts sobre o marido e talvez menos previsível post sobre a melhor amiga, eu assumi que gostaria de ser lida. Na altura justifiquei esta minha vontade de ser lida com um "porque sim", uma justificação "um bocadinho hermética" e com "pouco espaço para a reflexão e discussão", porque eu não estava interessada em reflectir ou discutir. Eu queria escrever e queria que alguém me lesse, pronto!

Escrever dá-me gozo, sempre deu. Também me dá gozo pensar no que vou escrever, que rubricas vou criar, até já tenho mais umas quantas na manga. Mas agora a vontade de ser lida... O egocentrismo, de tão óbvio, nem era interessante de investigar, já que qualquer blogger que se preze gosta de ser lido e escreve para isso mesmo. O que foi quase desconfortável de abraçar foi a constatação de que eu queria ser lida. Eu queria que alguém conversasse comigo ainda que em diferido, que entrasse no meu mundo e tomasse um chá comigo, quiçá trincasse uma bolacha. Eu queria, portanto, companhia, que isto de ser mãe a tempo inteiro, não que as haja a tempo parcial, ainda por cima numa cidade nova, é por demais solitário.

Daí até criar um blog foi um passinho, daí até encontrar um nome foram dois passinhos (comecei por ser "Bolachas e afins") e daí até encontrar a minha morada foram três (comecei por estar no "bolachasebolachinhas" e depois veio o "eu-e-mais-bolachas"). O elemento de regularidade sempre as bolachas, que adoro e das quais podia fazer o meu único meio de subsistência, não fossem a vaidade e a necessidade de vitaminas e minerais que existem nos demais alimentos.

E aqui estamos, um mês de blog, 71 posts, cinco seguidores (um marido, uma mãe, uma prima, e duas amigas do coração), e pessoas que já me visitaram de Portugal, EUA, Reino Unido, Brasil, Alemanha, Itália, Suécia, Espanha, e Malásia. Algumas voltaram, outras não. Àquelas que voltam, eu quero dizer-vos que este blog é meu e é vosso, que se eu escrevo porque gosto, também escrevo porque espero que gostem, se às vezes não do conteúdo, pelo menos da forma, ou vice-versa, e se de nenhum, bom aí temos um problema. Àquelas que não voltam, blogs há muitos, assim como os chapéus.

Parabéns para mim! E agora vou escrever outra coisinha menos séria, que eu não criei um blog para estas coisas profundas. Só às vezes, felizmente são poucas as datas comemorativas.
Kissezinhos

* Tudo o que eu escrevo é interessante. Interessa-me pelo menos a mim.