terça-feira, 18 de setembro de 2012

Ter ou não ter um segundo filho, eis a questão

Nisto de ter filhos, há gentes para todos os credos. Há quem não queira, há quem queira, há quem queira apenas um, ou dois, ou três, ou um rancho deles. Há quem queira meninos, há quem queira meninas, há quem queira que venha mas é com saúde, não importa a cor do cobertor. E depois há o destino, a sina, o fado de cada um, que às vezes troca as voltas da malta e a coisa não é nada como se planeou (pun intended).

No meu caso em particular, não sei se por ser filha única, mas levo mesmo para aí, sempre quis ter mais do que um filho. Quantos, exactamente, nunca decidi (se é que alguém decide alguma coisa), mas variava entre os dois e os três. Sabia apenas que um não me chegaria. Ou que não chegaria ao meu primeiro rebento, que devia ter a oportunidade que eu não tive, a de gozar um amor fraterno. O que é a parentalidade, afinal, senão a tentativa de propiciar ao nosso rebento tudo aquilo que não tivemos? Ou isso ou encontrar criadagem, a minha filha já desliga luzes ou vai buscar o comando da televisão quando lhe peço. Dá imenso jeito.

A gravidez da miúda correu bem, sem percalços, o parto também, nada de desinfeliz digno de registo, e decidi logo então que queria mais filhos. Pelo menos mais um. Viver outra vez aquela sensação incrível de pôr um filho no mundo, aquele amor avassalador. Se calhar fumar uns charros ou tomar uns comprimidos daria no mesmo, mas por acaso nunca me deu para aí. Lá pensei, fiz contas de cabeça, falei com o partenaire na desgraça e, juntos e cheios de boa vontade, lá encomendámos o segundo rebento à cegonha. E até aí nunca me tinha batido, bem lá no fundo, a dúvida que imagino assole todos, mas digo mesmo todos os pais de segunda viagem: gostarei tanto da segunda cria como gostei (e gosto) da primeira?

Sempre achei a pergunta absolutamente ridícula. Até que me vi caminhar, correr, nos sapatos de quem já amou tão intensamente que fica plenamente convicto de que não é possível amar novamente ou de igual modo. Porque nada iguala o infinito a não ser ele próprio, e parece absurdo multiplicá-lo por si, até porque resulta no mesmo e não há potências que lhe assistam.

Vi-me, então, no mesmo barco daqueles que pensam seriamente na questão. Ainda por cima, soube desde muito cedo que viria aí um menino. Eu nunca me vi mãe de um menino, confesso. Eu queria mesmo mesmo outra menina, outra princesa, outra flor (é assim que a chamo normalmente, de minha flor). Mas vem aí um pilas, um gajo que vai fazer xixi em repuxo mal lhe abra a fralda, um gajo que me vai deixar as tampas das sanitas para cima ou o assento cheio de pingos. Um gajo que um dia virá ter comigo a perguntar porque é que a pilita fica dura quando lhe mexe (conto com os próximos três anos para me preparar). Enfim... E então tenho medo de não gostar tanto do segundo como gostei da primeira, o meu "amor pequenino maior do mundo".

E enquanto escrevo isto antecipo respostas várias, das contendo mais insultos do tipo "sua parva" ou variantes às delicadas e apaziguadoras com garantias de que sim, de que gostarei tanto de um como de outro, mesmo que às vezes as afinidades se confundam. Espero que sim. Entretanto vou fazendo figas. Sabendo, lá no fundo, que o Max será o meu novo amor, o meu novo amor pequenino maior do mundo e que a Mia será o meu amor grande maior do mundo. Cada macaco no seu galho, cada amor o maior. Ambos os dois.

6 comentários:

  1. Oh sua parva ;) claro que sim, claro que o amor infinito também se multiplica por si próprio!

    (Tantas vezes me fiz a mesma pergunta, tantas...)

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  2. Apesar de ainda não poder dissertar muito sobre o assunto, penso que o amor pelos filhos é infinito e similar. Podes sentir mais afinidade com um (ex. nas brincadeiras) mas amor, tenho a certeza que vais sentir o mesmo pelos dois. :)

    Beijinhos e que corra tudo bem!

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  3. A minha irmã perguntava-se sobre o mesmo quando nasceu o terceiro depois dos gémeos. E hoje em dia parece só ter olhos para o bebé (que, ainda por cima, é calmíssimo e girito e tal). Eu sou apaixonada pelos primeiros e (ainda) não consegui criar ligação igual com o mais novo, embora lhe ache muita piada. Mas eu não estou lá sempre, a minha disponibilidade não é a mesma desde os primeiros para agora, etc. Só que eu não sou a mãe, portanto não te preocupes nada com isso. Está quase! Até eu estou em pulgas, portanto imagino tu!

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  4. maria, vais-te surpreender com a tua própria capacidade de amar esses dois seres :-)
    boa sorte para o nascimento do rebento!

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  5. A malta começa a ler o post e tal e até vai começando a pensar na resposta.. e depois chega ao último parágrafo e percebe que afinal tu até sabes a resposta..

    No dia em que eles nascem... ou no meu caso, aparecem lá em casa, ficamos a saber que afinal o infinito existe mesmo.. em forma de amor.

    Jorge

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  6. DNC, Bee, e Jorge,
    Eu sei, eu sei. Quero dizer, a modos que sei. Porque uma coisa é o saber teórico e outra é o físico, que se sente nas entranhas. Eu tinha de desabafar, de dizer que afinal sou como os outros (tenho sempre a ilusão de que sou especial e diferente mas afinal sou absolutamente banal).

    Filipa,
    Em Janeiro vais perceber o que escrevi, isto de pensar que não é possível amar igual. Nos entretantos vou esperar muitos textos de mother-to-be.

    Filipa B,
    Adoro que estejas em pulgas e percebo. Quando a Inês do Casaco Amarelo estava prestes a ter a manguinha dela, eu ia ao blog todos os dias ver se já havia novidades. Prometo partilhá-las assim que as tiver, sim?
    A tua irmã é uma corajosa, pá!

    Sorrisos vários!

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