segunda-feira, 17 de setembro de 2012

Da sabedoria da natureza

(daqui)

A sério, a natureza sabe o que faz. Para além de tantas evidências à nossa volta, há duas que me fazem reverenciá-la em particular. Pedindo desde já perdão pela monotonia temática que vai andando aqui pelo estaminé, e justificando-a com o meu estado interessante, prestes a terminar por isso há que o aproveitar, e justamente por isso também com a hormona da maternidade toda tola aos saltos, prossigo o solilóquio com noção de que vos posso estar a maçar. Se for o caso, parai já aqui, tomai um café e comei um pastel de nata, e pensai que eu tão cedo nem a vista porei em cima deste último.

Há então dois aspectos da gravidez que, para mim, são manifestações inquestionáveis da infinita sabedoria da natureza -- desde já reconheço que há vários, a própria gravidez, a evolução de duas células para milhares de milhões é, no mínimo, de venerar.

O primeiro aspecto  que me obriga a escrever este texto anda de mãos dadas com a piquena tortura que é a gravidez no final do tempo. Há coisas banais e por demais públicas, como a impossibilidade de encontrar uma posição simpática para dormir, o inchaço das mãos e pés, as dores nas costas (então com duas hérnias na lombar ui ui, nem vos digo a categoria que é!), e há as mantidas mais em segredo, na privacidade da nossa casa pelo embaraço que causam aos mais enojadiços (estou a falar de hemorróidas, que cá em casa se chamam "henriquetas" porque o Monsieur é muito sensível e dado à moléstia). Nesta altura do campeonato, então, toda a vontade é de parir logo a criança, acabar com o suplício. Aliada à curiosidade natural de conhecer o pequeno ser que nos invadiu as entranhas, o tormento faz-nos antecipar com expectativa o momento em que uma criatura do tamanho de uma meloa vai passar por um buraquinho do tamanho de uma cereja (ou de uma ameixa pequenita).

O segundo aspecto prende-se com o esquecimento que se abate sobre a recém mamã assim que a criatura sai do seu corpo. As dores do parto, por exemplo, são esquecidas quase imediatamente. Isto é química pura, o corpo produz uma hormona, a oxitocina, que é a responsável pelo estabelecimento da relação entre mãe e cria. Aquele amor intenso que sentimos assim que olhamos nos olhos dos nossos filhos, aquele amor maior do mundo, avassalador, impossível de descrever, não deixa espaço para mais nada, nomeadamente para as memórias da dor (porque dos muitos beijos nos lembraremos sempre).

3 comentários:

  1. So true...

    (Olha lá, então a Zita não te pode enviar uns pastelitos pelo correio?)

    ;)

    Beijocas

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  2. ( estou aqui...) claro que posso mas, NÃO É A MESMA COISA!!!
    Na Conf. Ideal é que é bom, é ou não é Joanovsky?!

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    1. Olá Zita! Eu posso confirmar que na Confeitaria Ideal é que é bom! Um dia destes faço uma visita com a família!

      Beijocas

      Dora

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