quinta-feira, 6 de setembro de 2012

O poder de um nome

Sobre os nomes, e o poder dos ditos, dois economistas americanos, Steven Levitt e Stephen Dubner, propuseram-se a estudar o impacto do exotismo dos nomes no sucesso de um conjunto de indivíduos. Talvez já tenhais ouvido falar nisto, o tema consta de um livro muito pop chamado Freakonomics.

Usando a informação de registos de nascimento de crianças nascidas na Califórnia desde 1961, qualquer coisa como mais de 16 milhões de observações, os economistas concluíram que há uma disparidade muito grande no modo como os pais negros e os pais brancos nomeiam os seus filhos. Para a comunidade negra, é importante a distinção, é importante ser diferente. Não só no nome, mas às vezes até na sua grafia. Por exemplo, durante a década de 90, o nome Unique foi usado 228 vezes, cada versão Uneek, Uneque, e Uneqqee uma única vez, e virtualmente todos usados por negros. Actualmente, mais de 40% das meninas negras nascidas na Califórnia num dado ano têm um nome que nenhuma das 100 000 meninas brancas tem. Mais! A cerca de 30% das meninas negras é dado um nome único entre as bebés, brancas e negras, nascidas nesse ano na Califórnia.

Mas a unicidade vem a um preço. E o que os economistas estudaram foi a relação entre a prosperidade dos indivíduos e o seu nome. Entre as variáveis incluídas no estudo constavam o nome, género, raça, peso ao nascer, e o estado civil dos pais, mas também o código postal (que revela o estatuto sócio-económico dos progenitores e a composição racial do bairro), o meio de pagar a conta do hospital (outro indicador sócio-económico), e nível de educação dos pais.

A conclusão não espanta ninguém. Nomes mais... exóticos, chamemos-lhe assim, estão associados a menor prosperidade profissional. Será a responsabilidade do nome? Não, claro que não. À partida, uma Brayona, uma Chineka, uma Tamicka, ou uma Vashanique (ver uma lista fantástica aqui) tem tantas hipóteses de ser bem sucedida como uma Abigail, uma Heather, ou uma Savannah.

O busílis da questão reside mais nas características de quem escolhe o nome do que na própria criança. Caindo no estereótipo, uns pais negros de baixo nível sócio-económico e cultural, tenderão a escolher um nome mais guetto. Esses mesmos pais lerão menos livros, farão menos puzzles, e genericamente interessar-se-ão menos pela educação das suas crias do que uns pais brancos, de elevado nível sócio-económico e cultural, que levam as crias a museus e as tornam pessoas mais interessadas no mundo que as rodeia (e interessantes). É este o fenómeno que o estudo capta. Mas não deixa de ser giro.

6 comentários:

  1. Um nome desses assim mais "novos/originais" (pelo menos aos meus ouvidos) de que gosto Shioban. Vi agora que tem origem australiana (quem diria?).

    Mas sim, alguns (muitos) nomes têm uma conotação social evidente e muitos associam-se a épocas específicas (hoje em dia ninguém põe Paula ou Cristina a uma filha, mas Matildes e Carolinas e Madalenas de há uns anos para cá há aos montes).

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  2. É o que eu estou sempre a dizer! De qualquer modo, hoje vi duas meninas gémeas, uma chamada Pérola Melissa e outra chamada Cintia Soraia. Quando as chamei já sabia que algo ia correr mal...

    (um) beijo de mulata

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  3. Filipa,
    Shioban? Esse é mesmo diferente!
    Tens razão, hoje são as Leonor, Matilde, Maria... e os Rodrigo, Tomás, Afonso... foram-se as Paula e as Carla, os Miguel e João.

    BdM,
    Pérola!?!? Cintila!?!!? Como consegues manter a compostura? Eu não conseguiria dizer esses nomes com uma cara séria! Espero que, apesar da regularidade estatística que vais observando, as pequeninas estejam bem de saúde.

    Um sorriso a cada uma!

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    1. Esse que te disse oiço nas séries americanas... Nunca ouviste por aí?
      Beijinho

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  4. Enfim, por hoje lá escaparam. Por um fio de seda, mas escaparam... Mas o karma, meu Deus, o karma... De qualquer modo, temos é de cuidar bem dos nossos e com Mia e Max estás safa!

    (um) beijo de mulata

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    1. Não consegui resistir aos teus "nomes de mau prognóstico" e escrevi uns quantos num post (ler fiz copy past dos teus posts e chamei-os de post meu). São dos meus preferidos, fico sempre a sorrir.
      Um sorriso!

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