segunda-feira, 21 de novembro de 2011

Orgulho familiar, continuação [Quadras de D. Emília]

Dado tempo de antena ao Alvarinho, exige-se neste estaminé que alguma atenção seja dada a sua querida e amantíssima esposa, Senhora Dona Emília (sempre achei giríssimo ter duas avós com nomes a rimar, Otília e Emília, coisa só igualada pela ternura da Kate ter os avós, Augusto e Augusta, Zézinho e Zézinha, pode!?).
Senhora Dona Emília, que ela própria faz questão de dizer "do Sacramento" e logo em seguida "olha que sei escrever, queres ver?, só fui à escola um dia!", é dada à quadra popular e, como depreendereis a seguir, à marotice.
Tendo sofrido algumas alterações ao longo dos anos com dada a liberdade criativa e a qualidade da memória da própria, que vai cedendo ao peso da experiência acumulada, a segunda das quadras que hoje trago -- tenho também a Naucatrineta guardadíssima, lembrais-vos -- é, normalmente, acompanhada de um leve passar a mão na zona das marufinhas das meninas (termo usado com a amplitude etária semelhante à da espargata de uma ginasta olímpica).
Quantas vezes eu assisti à minha avó, que passou décadas atrás do balcão da confeitaria a vender (e a comer) bolos, chamar as freguesas (outro termo da minha infância) à frente do balcão e dizer-lhes, em surdina, como se lhes fosse dar uma receita secreta ou um elixir do amor eterno:

Toda a mulher é linda
É linda e um amor
Olha-se para a mulher
E vê-se logo uma flor

Mas cuidado que ela também é fogo
É fogo mesmo
Mas é perfeição
Fica tudo direitinho basta a mulher passar a mão
E dizia esta última frase passando então a mão, bem ao de leve, pelas maminhas das desprevenidas, que se riam da impudência daquela senhora.
Não é uma delícia a senhora minha avó?

P.S. E o pormenor da Nossa Senhora de La-Salette atrás, hum? Mais mimos para kitsch lovers um dia destes, mas só depois da Naucatrineta.

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