segunda-feira, 25 de julho de 2011

Os livros da minha vida II: Os ditos

(Para finalmente responder ao repto da Rita Maria -- não desistas de mim, miúda, especialmente pelo meu gosto literário... é que a Rita é moça para gostar de livros sérios e é capaz de achar que eu sou uma parola dos livros, tipo ela ouvir ópera, que a ouve, e eu ouvir mais Tony Carreira ou Marco Paulo)

1. Existe um livro que lerias e relerias várias vezes?
(Re)Descobri recentemente a magia que contêm os livros infantis, e é com prazer que vou lendo os do Eric Carle, que escreveu entre outros a Lagartinha Comilona (no original chama-se The Very Hungry Catterpilar). Ficando famoso pelos seus desenhos, Eric Carle rapidamente se tornou ele próprio inventor de animais com manias várias e divertidas, desde a cobra que de tão faminta comeu o seu próprio rabo e desapareceu ao cavalo marinho que, cuidando dos seus ovinhos na sua própria barriga, vai encontrando outros peixos que colaboram com a sua senhora na preservação das crias.
Leio e releio repetidamente os meus livros preferidos. Gosto muito, muito, muito do Amor Feliz do David Mourão Ferreira, e não me lembro quantas vezes o li. Assim como... é favor ver a resposta à pergunta oito.

2. Existe algum livro que começaste a ler, paraste, recomeçaste, tentaste e tentaste e nunca conseguiste ler até ao fim?
Acho um cliché, mas nunca consegui terminar os Cem Anos de Solidão do Gabriel García Márquez. Acho uma vergonha ainda maior porque o Amor em Tempos de Cólera é um dos meus livros predilectos. Gosto muito do realismo mágico, a sério que gosto, mas aqueles nomes todos...

3. Se escolhesses um livro para ler para o resto da tua vida, qual seria ele?
Ena pá, entre os Maias, o Amor em Tempos de Cólera, e o Amor Feliz... pim pam pum, cada bola mata um...

4. Que livro gostarias de ter lido mas que, por algum motivo, nunca leste?
Os clássicos da literatura russa. Nunca aconteceu pegar neles. Minto. Li o Crime e Castigo, do Dostoyevsky. E acho que comecei os Irmãos Karamazov, mas devo ter viajado e deixado o livro para trás, pousado na mesa de cabeceira, como faço tantas vezes. Quero ler o Anna Karenina, do Tolstoy.

5. Que livro leste cuja 'cena final' jamais conseguiste esquecer?
Sorrisos. Eu sou uma romântica e uma piegas, uma combinação do caneco. A cena final do Retrato de Ricardina, do Camilo Castelo Branco. Ai aquele amor entre a Ricardina e o Bernardo, ambos convencidos da morte do outro qual Romeu e Julieta à portuguesa mas com a promessa de um final feliz... Como esquecer aqueles parágrafos em que Ricardina se reconhece no retrato do medalhão que lhe mostra o filho de ambos, Alexandre... Até o meu coração bate mais rápido só de pensar no reencontro e na velhice que os aguarda, juntinhos.

6. Tinhas o hábito de ler quando eras criança? Se lias, qual era o tipo de leitura?
Ah, sim! Devorava tudo o que apanhava pela frente, com uma predilecção pelos "Tio Patinhas", que religiosamente comprava aos Domingos. Lembro-me bem de uns livros da Condessa de Ségur, em particular do "As Meninas Exemplares", cujos exemplos de bom comportamento eu juro que tentava seguir mas nunca conseguia por muito tempo.
Também me lembro de ler o Romance da Raposa do Aquilino Ribeiro, no segundo ano do ciclo; tinha uma professora de português fantástica que fazia aulas de leitura às Sextas e nos incentivava a pertencer à biblioteca. Era sagrado, de duas em duas semanas lá ia e vinha eu com três livros novos.
Dos Cinco da Enid Blyton, passei pela Patrícia (não sei o autor) e depois para as aventuras da Miss Marple e do orgulhosamente belga Poirot da Agatha Christie, e finalmente para o Sherlock, do Conan Doyle. Lembro-me de ler o Meu Pé Laranja Lima e chorar muito... Era perfeitamente capaz de folhar a última página e voltar ao princípio. Ainda hoje.
Com a mania de pegar em fosse o que fosse e ler lá li o Poltergeist quando tinha doze anos e fiquei com medo do escuro durante uns bons meses.

7. Qual o livro que achaste chato mas ainda assim leste até ao fim? Porquê?
Hum... isto é embaraçoso... eu... li... a saga... do Eclipse -- engole em seco -- até ao fim (na versão original). Porque queria saber o fim da história, naturalmente! Achei chato, repetitivo, previsível, mas eu queria saber e pronto. Como até não estava mal escrito, tomei uns goles de perseverança e perseverei, ora pois. Saltei um ou outro parágrafo no interesse da eficiência...

8. Indica alguns dos teus livros preferidos.
Esta é difícil porque eu tenho um gosto muito ecléctico. E aprecio livros diferentes por motivos diferentes. As categorias não são de modo algum estanques, e livros há que podiam estar em mais do que uma:
De fazer chorar as pedras da calçada...
 Retrato de Ricardina, Camilo Castelo Branco.
 Os Maias, Eça de Queiroz.
Tão bem escritos que me pergunto como é possível escrever assim:
 Um Amor Feliz, David Mourão Ferreira.
 Venenos de Deus, Remédios do Diabo, Mia Couto.
 Novos Contos da Montanha, Miguel Torga.
Uma narrativa linda:
 Amor em Tempos de Cólera, Gabriel García Márquez.
 A História da Gaivota e do Gato que a Ensinou a Voar, Luis Sepúveda.
E... fez-se luz...
 Sidartha, Herman Hesse.
Poesia
 Eugénio de Andrade, Pablo Neruda, Alexandre O'Neill
Guilty pleasures, aqueles livros que leio e até sou capaz de reler porque são fáceis, a história é bem construída e narrada e... eu gosto, pá. Gosto de mistérios, gosto de mafias, gosto de espionagem...
 Do Daniel Silva e do Mario Puzo só li... tudo.

9. Que livro estás a ler neste momento?
Três. Devagarinho, o Sidartha, do Herman Hesse, porque me faz sempre bem. Rápido, para saber de quem vai salvar o mundo o Gabriel Allon, o Portrait of a Spy, do Daniel Silva. Para perceber a desilusão (esperada) do monsieur bolacha quando vimos o filme "Let me in", o livro na versão em inglês Let me in, do John Ajvide Lindqvist.

2 comentários:

  1. Grazie!

    PS: Eu adooooooooooro música pimba e leio de tudo, sérios e pouco sérios. Acho que o Diário da Bridget Jones é inexperadamente bom (o livro) e passei o fim de semana todo a ler uma telenovela inenarrável - um dos viloes morria afogado dentro de uma mala de viagem e a vila acabava com uma hérnia discal (hahaha, nunca tinha lido nada em que entrassem hérnias discais). Nao sei o que é que eu escrevo para as pessoas ficarem com a ideia de que eu sou uma intelectual snob - que se esclareça de uma vez por todas que sou só uma snob, sem pretensoes.

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  2. Rita,
    Finalmente, hã? Mais uma vez, desculpas públicas pela demora. Uma gaja faz-se esperar, faz-se esperar e depois é isto, da montanha sai um rato.
    Hahahahah! Uma intelectual-snob-tira-o-intelectual-mantém-o-snob!!! Tem-me lá paciência, as coisas que tu lês e das quais eu jamais ouvi (é o meu critério para julgar intelectualismos, tão bom como qualquer outro, quiçá melhor!!) fazem-me pensar-te assim mais propensa ao sério e profundo e menos à pimbalhada.
    Ainda por cima cheiras bem...
    Um sorriso cheiroso!

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