Boas Intenções, 12 de Abril, 2011 |
Mesmo não sabendo propriamente a resposta, que eu para as traduções estou mais ou menos como o Cristiano Ronaldo para o bordado em ponto cruz, menina bem intencionada e sempre lesta para ajudar o próximo que sou, deixei lá a minha própria opinião sobre o ser opinionated, porque é só dar-me uma nesguinha de espaço para alvitrar e pumba, lá estou eu alapada na caixa de comentários.
Comentei o post com uma espécie de adágio, uma proposição da autoria de uma Doutora, e se é de uma doutora deve ser coisa cegta, cegto?, e que guardei para mim e vou partilhando amiúde. Também foi nesse momento que prometi a mim mesma escrever este texto. Demorou algum tempo, primeiro porque estava de partida para a Florida e depois porque estava de regresso. Mas hoje é dia, até porque prometi à Maria Rita que ainda esta semana lhe dedicaria uma postita bem fresquinha e não gosto de faltar às minha promessas, acho feio e uma gaija perde toda a credibilidade, e já basta o país...
À Maria Rita e a quem mais a leu nesse dia ou vai lendo quando pode escrevi pois que...
A frase é da autoria da Doutora Rute, Rute Remédios, cuja semelhança no apelido com o do provedor da moral e dos bons costumes do Herman Enciclopédia não se fica pela pura coincidência. Sexóloga de profissão, estava ao serviço do programa que a RTP emitiu entre 1997 e 1998, andava eu, jovem inconciente, a terminar a licenciatura. De dentes protuberantes que a faziam substituir os "rr" com "gg", Doutora Rute era uma mulher à frente do seu tempo, sempre de mente arejada e saia, ao que me parece, também pronta a arejar se a ocasião se propiciasse ou, se não, ali estava ela para a propiciar. A rubrica chamava-se Sexo para Todos e era dedicada à temática, não sei se o título é suficientemente explícito, do sexo, sexo "puro e duro, como todos nós gostamos" (pausa da própria).
Aceito desde já que corrijam e insistam que a citação acima está fora de contexto, afinal as opiniões são como as vaginas nestas coisas do sexo, como sugere a doutora. Mas, pergunto eu, e nas outras? E quem diz dentro de diz em cima, em baixo, de lado, a fazer o pino (mamãe, vá ver a novela, se faz favor!)**.
Daí que tenha ido ver e, não me aparecendo o ovário, chalaça que se não perceberam é favor clickar aqui que ainda se vão rir um bocado, não têm de quê, apareceram-me um conjunto de citações que também envolvem essa arma de arremesso aparentemente tão leve mas que pode derrubar a mais sólida das fundações, por exemplo a auto-estima de uma gaija quando esta pergunta ao seu gaijo "achas que estou gorda?" ou "fica-me bem este vestido?" e ele demora mais do que um nano-segundo a responder ou lhe falta a veemência digna de um herege sujeito a interrogação pela por nunca ninguém esperada Inquisição Espanhola.***
Deixo-vos três citações de que gostei.
Começo por Nietzsche, filósofo nascido prussiano e falecido apátrida, e cujas lágrimas li no livro do Irvin D. Yalom e de quem pouco sei para além do que, e muito apropriadamente para o texto, se diz ter sido frequentador de pu**s:
Opiniões públicas - preguiças privadas.
E eu que eu sou tão preguiçosa...Também gostei de uma do François La Rochefoucauld, nobre francês de uma sensatez inquestionável e com o qual concordo porque ele pensa do mesmo modo que eu e é certo e sabidinho que eu concordo (quase) sempre comigo:
Só achamos que as outras pessoas têm bom senso quando são da nossa opinião.
Fechando o círculo com outro filósofo, desta feita britânico e já mais do nosso tempo, um liberal do comércio internacional, mesmo ao meu jeito, Bertrand Russell:O facto de uma opinião ser amplamente compartilhada não é nenhuma evidência de que não seja completamente absurda; de facto, tendo-se em vista a maioria da humanidade, é mais provável que uma opinião difundida seja tola do que sensata.
Ora!*Hoje é Sábado, eu sei, mas se o Natal é quando o Homem quer, então hoje é Sexta. A modos que. O blogger esteve em baixo, ouviram dizer?
**Eu não trato mamãe por você, mas acho que fingir que sim me dá um ar mais fino, e eu estou sempre a fim de soar mais magra.
*** Piada anormalóide do mês.
Certo? certo! E mais não digo.
ResponderEliminarEna, que luxo, meu Deus!
ResponderEliminarPS: Sabes uma coisa que me choca um bocadinho? Já ouvi algumas vezes uma versao moderna do "gostos nao se discutem", um "opinioes nao se discutem". Que ideia tao horrível, o que se há-de entao fazer com elas? Tê-las para sempre, estáticas, de preferência em granito regional minhoto?
Rita Maria,
ResponderEliminarNão, confesso nunca ter ouvido. Duas coisas me ocorrem assim de repente. A primeira é que pode ser apenas isso mesmo, uma modernice, tipo o "à séria" que a mim, confesso, deixa louca. A segunda é que pode ser "ignorance, just ignorance" (referência ao episódio do Southpark com o Michael Jackson e o seu filho Blanket). Gostei todavia do granito regional minhoto.