O telefone tocou às 07:12 da manhã, 15:12 em Portugal.
Voz de cama, voz de quem finalmente estava a dormir depois de uma noite de vira para um lado, vira para o outro, tenta de lado, de barriga para cima, agora de barriga para baixo. Acho que só não tentei dormir a fazer o pino porque, enfim, não deve ser posição conducente ao sono. Digo eu. Além do que não sei fazer o pino e parece-me exagerado aprender só para o efeito.
O telefone tocou. Era a Zita, irmã da minha mãe, a que faz os bolos bonitos, imediatamente a perceber que me tinha roubado ao abraço aconchegado de Morfeu. Desculpa aqui, desculpa ali... a cirurgia correu bem, tudo está óptimo. E eu não me importaria de ter acordado às 03:45 ou às 05:12.
Eu sei que sete da manhã não é assim hora muito imprópria para consumo, mas é importante notar que ontem foi Sábado e eu tinha dormido mal. De qualquer modo, este acordar fez-me lembrar quando eu estava a fazer o doutoramento e os meus avós me telefonavam, esquecidos da diferença horária, a horas, essas sim, espectacularmente impróprias.
Lembro-me de um episódio em particular quando o meu Avô Álvaro ligou às cinco da manhã em Raleigh, NC, dez da manhã em Portugal. É importante dizer que o meu Avô Álvaro, tal como muitos avôs, é um nadinha, coisa pouca, mouco. Ao telefone, então, nem se fala. No final da conversa, até eu estou um bocadinho mais surda. De modo que o meu avô, às dez da manhã em Portugal, queria saber, em primeiro lugar, se eu estava bem, em segundo, se estava a descansar que chegasse e, em terceiro, o que é que eu ia a fazer para o almoço. É que já eram dez da manhã, portanto hora de pensar nisso. E nas saudades.
Tudo está bem quando está bem.
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