A minha cria vai, nas Quartas-feiras possíveis, à natação. Vai com mamãe, que lhe oferece o porto seguro naquele meio tão estranho e molhado que é a piscina. Consola-se de fazer bolhinhas e fica particularmente feliz quando consegue apanhar os peixinhos, tão longínquos que implicam todo um manancial de competências novas para serem apanhados pelas suas mãozinhas rechonchudas, nomeadamente a tão temida cabeça debaixo de água.
Finda a aula, os miúdos normalmente deliciam-se com as doçuras que as mães e avós (às vezes há mais uma, a M., da carinhosamente apelidada pela minha filha Lulu) levam, entre bolachas Maria e línguas de gato. Nesta última Quarta-feira, foi a vez de um menino de três anos recentemente completos ser generoso e partilhar as suas bolachas. Deu uma à minha cria e ficou com quatro, mais bolacha, menos bolacha, para si. Já eram poucas, a extensão da partilha ficava por ali. Mas a Lulu, com os seus rubicundos e doces dezoito meses, também queria uma.
A mãe pedia ao menino que desse uma bolacha à Lulu, a avó da Lulu pedia, mamãe pedia. O puto, nada, comportamento que eu entendo porque, afinal, no amor e nas bolachas vale tudo. A minha filha, desenrascada que só ela, não esteve com meias medidas. Em vez de dar a sua própria bolacha à Lulu, foi ter com o menino, três meses mais velho, tirou-lhe uma bolacha da mão, e foi dá-la à amiguinha.
Talvez tivesse dado uma estória melhor se o rebento de Maria tivesse oferecido a sua própria bolacha, mas eu prefiro esta versão, na qual a criatura demonstra ser assertiva e ter um bom sentido de equidade contudo defendendo a sua bolacha -- és mesmo minha filha, doçura! Quando mamãe me contou, acho que o coração nem me cabia no peito.*
*Talvez por isso me sinta sempre tão enfartada apesar de comer manifestamente pouco.
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