quarta-feira, 23 de novembro de 2011

Das delícias de ter uma filha bilingue

Derreti-me quando balbuciou "mamã" pela primeira vez. Até nem sei se disse mesmo "mamã" ou se foram os meus ouvidos, a transbordar de boa vontade e amor que ouviram o mmmmmm e o traduziram para a palavra mais doce de que há registo, mas é possível.
Também lhe achei alguma piada quando há semanas se virou para mim e me chamou mummy. Assim, à britânica, sem o "o" que não sei porquê lhe tira beleza. Não devia, eu sei, o "o" é mais redondo, quiçá mais generoso, mas há qualquer coisa de musical na palavra com "u", e isso mesmo sem atender ao facto de que os lábios se formam em beijo para dizer "u", ora experimentai "uuuuuuuuuu".
Mas graça teve ontem, à mesa do jantar, quando ao repto do pai "give daddy the fork, please" respondeu estoicamente "no, no, fok, no", coisa que eu espero se lhe entranhe na memória e que repita ipsis verbis daqui por uns catorze, quinze anos, aos meninos mais atrevidos.
Ainda não consegui decidir se este episódio teve mais piada do que o que se passou minutos depois, quando o pai lhe disse "sit, M., sit", pedido a que ela, desta feita docemente, aquiesceu, repetindo para que não restassem dúvidas, "shit, Mimi, shit".
Mas, Maria, a tua filha só fala inglês? Não, também diz um "máz, piisze" que é uma delícia, diz "tchau" e pede "chacha, mamã", logo seguido de "cuuuukie, piisze".

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