Uma das coisas boas de se fazer anos longe é relembrá-lo à famelga até à exaustão, porém com o detalhe utilitário de se acentuar o cariz solitário da celebração longe da qual nada é tão feliz, pelo menos da que me é próxima e que me faz falta todos os dias mas ainda mais em alguns. Daí que tenha vindo de casa com presentinho embrulhado, coitada da Z. que vai na minha conversa e não nega nada à sobrinha querida. Uma camisola, perdão pullover muito giro, cinzento, aos corações cor-de-rosa, que comprámos juntas numa sessão de shopping.
Mas não foi só de uma camisola que se fez a minha lista de presentes.
Sogra querida, bem levada pelo marido que me sabe fã de pipocas, deu-me uma popcorn popper, ou máquina de pipocar, que as faz com ar, sem necessidade de óleo ou panelas/tachos sujos. Bem podeis dizer que também o micro-ondas as popa (do verbo popar), mas o meu anda a queimá-las e a menina não gosta. E com a máquina veio um frasco de milho (a sério, a minha sogra não existe!) e ainda o mais recente livro do Daniel Silva, que eu já por cá confessei ser um dos meus guilty pleasures.
E mais, e mais?
(calma, estou a fazer suspense)
Mamãe, também bem treinada por moi même, ofereceu a sua filha bolacha meio relógio (sou filha atenta aos cortes orçamentais nacionais e não gosto que deite os seus aeurios à rua sem mais nem quê). Pormenor do relógio e coisa que eu tenho andado para cá vir comentar com V. Exas., em pleno processo de auto-análise que me leva a chegar até ao centro das minhas angústias, manias, teimas, e idiossincrasias (foi para rimar, notaram?), é dourado. Dourado, assim como o ouro amarelo (não do branco, que é d'ouro mas prateado, coisa que não faz assim muito sentido mas enfim, é bonito). É dourado. E depois? E depois... eu não sou gaja de dourados, pá. Eu sou calça de ganga, t-shirt branca, e sapatilhas (ténis). Eu sou relógio prateado, brincos em zircónia tipo solitários. Eu sou rabo de cavalo, batom de cieiro. Eu sou aquela que se funde com a paisagem e não a que a decora. Cheira-me a post... E o amantíssimo esposo, Maria, que foi que te deu?
(pois ainda não estou bem em mim com o choque)
Vindas as bolachas exigidas pela madame e sem as quais seria automaticamente vedado o acesso do senhor ao leito conjugal, vindas ainda umas bolachas que dito senhor, dando asas à criatividade decidiu ofertar, com nozes da macadâmia e chocolate branco e às quais sua senhora, purista por convicção, partido político, e fé, torceu o nariz, eis que chegou a surpresa maior.
(a sério que ainda não me refiz)
Marido ofereceu-me uma garrafa de cachaça.A sério.
Amantíssimo esposo de Maria há dias foi comprar scotch whisky e, lembrando-se que eu lhe tinha dito que queria beber umas caipirinhas e que portanto por favor comprasse cachaça quando fosse à loja, pumba, viu encontrado o meu presente. Diga-se em abono de boa vontade do senhor que a garrafa que comprou é exactamente igual a uma que eu trouxe do Brasil em 2001 e que tive de deixar para trás numa mudança porque era proibido o transporte de bebidas alcoólicas.
Mas bolas, faço 36 anos e o gajo dá-me uma garrafa de cachaça?!
Ainda não sei o que pensar. Aceito ajudas, sou jovem impressionável e de feitio facilmente moldável à opinião alheia.
Pelo sim pelo não deixei-o dormir na nossa cama, mas desconfio que preciso rever esta posição.
Culturalmente aí no teu país (wink, wink) isso podia ser mau final, mas eu voto a favor: o gesto é simpático, thoughtful e pessoal e portanto fofinho. E olha que eu detesto caipirinhas...já as bolachas erradas eu nao sei se perdoava. Queres que lhe mande uma receita?
ResponderEliminarE a cachaça, é boa? Ele não quer que te falte nada, é o que é :)
ResponderEliminarFinal era sinal (oops)
ResponderEliminarOh pá, eu perdoava... ao fim de tantos de vida em comum, é tão difícil ofertar... (Eu nunca sei o que comprar ao maridão... e raramente acerto... o que vale é o amor que ele me tem...)
ResponderEliminarRita Maria,
ResponderEliminarPois é, o gesto é simpático, mas esconderá algum significado em particular? Não que o gajo seja dado a essas coisas, que é pragmático até dizer chega, mas uma gaja fica a pensar...
Se calhar também convém dizer que cá por casa é habitual eu dar-lhe o tal do scotch em datas especiais, que o estúpido é caro como o caraças e só mesmo com motivos.
Izzie,
Francamente não sei se é ou não, a garrafa tem palhinha à volta e é gira, por isso a trouxe do Brasil.
Foi fofinho, eu sei que foi, mas bolas, cachaça? Então e os vouchers do spa, as jóias, os sapatos, as carteiras, as viagens, os aparelhos electrónicos, os perfumes... essas miudezas desnecessárias que uma gaja não se compra e espera serem oferecidas?
Ainda vou matutar nisto mais um pedaço.
Um sorriso pensativo à Rodin, de mão sob o queixo e tudo.
Dorushka, Eu sou uma pessoa difícil de contentar, começo por avisar. Mas um perfuminho (basta-lhe olhar em volta para saber do que gosto), um vale da Victoria's Secret (há quem diga que os vales são maus mas eu dou-lhes bom uso!)... mas cachaça!? Num sei, num cai bem. Cachaça!? Um sorriso daqui a pouco alcoolizado!
ResponderEliminarEu perguntava-lhe assertivamente onde é que ele pôs o bilhete de avião para um fim de semana romântico ne cidade maravilhosa que acompanhava a garrafa... Mas com cara de má, estás a ver!...
ResponderEliminarbeijos da cidade das acácias,
Ruiva
Ruiva,
ResponderEliminarIdeia EXCELENTE!!!!! Acho que mais logo lhe pergunto se a vamos beber ao Rio!
Um sorriso solarengo, pela tua cidade, pela minha, e pela maravilhosa!
Oh Maria, pensa que o rapaz até te ofereceu a garrafa que tu sempre quiseste ter , mas que te viste obrigada a deixar para trás... É fofinho, não é?
ResponderEliminarMas a ideia da Ruiva não está mal pensada, não senhora!
:)
Acima as Ruivas. Ruivas ao poder. As Ruivas é que sabem aquilo que as meninas aniversariantes precisam... Já ensinaste português ao maridaço para ele poder ler estes conselhos?
ResponderEliminar:-) Bem, o certo é que nunca tiveste uma prenda que te surpreendesse tanto; essa é que é essa!!!O Nick quer mesmo é que te sintas bem (com ela)!
ResponderEliminarNão, há qualquer coisa por explicar.
ResponderEliminarO Sr bolacha não terá feito confusão entre uma garrafa de cachaça e um frasco de perfume?
Não terá que ir rapidamente ao oftalmologista?
Experimenta usar a cachaça como eau toilette para fazeres o diagnóstico!
Beijos
Foda-se!, uma garrafa de cachaça de prenda anos? Manda-o à merda!
ResponderEliminarAnónimo,
ResponderEliminarBem visto! Mas o gajo tem a capacidade olfactiva de um frigorífico, não consegue distinguir cheiros.
Luís,
Hum hum! E hum hum. Às vezes já faltou mais...
Um sorriso!