Este texto, que escrevi enquanto escrevia o anterior, é um excerto. Só que é um excerto com vida própria, até mesmo com tom próprio que é, à falta de adjectivo mais apropriado, reverente. Isto porque eu, que adoro uma incursão pelo humor politicamente (in)correcto, tenho um carinho pela santinhas, a de Fátima e a de La-Salette (que eu ainda me lembro que é com dois tt), e não consigo brincar com elas. Exigem-me mesuras, não tolices, fazer o quê. E foi assim que o texto que ia gozar com o fundo musical das minhas férias de Verão 2011, e que fruto das minhas dúvidas ortográficas (La-Salette é com dois ll ou com dois tt ou ambos!?) achou por bem contextualizar a celebração da cidade, se transformou em dois.
O texto, o tal excerto, parece-me então um enxerto do anterior, pois que nele se apoiou enquanto o escrevia, tomando-lhe o fio condutor e seguindo-o na sua orientação, e vive agora aqui sozinho e dando a descendência necessária. Se de uma pereira até podemos tirar maçãs ou de uma figueira de figos pretos podemos tirar figos pingo de mel, do texto da música pimba tiramos uma procissão, fotos da Santa, e um momento cultural-existencial-religioso-filosófico-musical-e o que mais vos aprouver.
A aparição de La-Salette, que até tem direito a blog próprio com actualização regular (descobri agora), o A Aparição de La-Salette e suas Profecias, é celebrada todos os Agostos com a pompa e circunstância necessárias e reflexas de um povo crente e devoto.
A aparição propriamente dita deu-se em 1846, na montanha de La-Salette, em França, quando dois pastorinhos tiveram uma visão (os santos e apetência pelos pastorinhos... há aqui um objecto de estudo muito claro, ainda que eu não saiba bem a que domínio da ciência ele pertença, se à teologia se à psicologia, mas adiante). Contando tudo ao povo, lá foi erguida uma capelinha vinte anos mais tarde (numa clara diferença de tratamento que foi oferecida aos nossos pastorinhos na Cova da Iria, mas novamente passemos à frente que isto agora não interessa nada ainda que devesse ser objecto de estudo de...).
Para terras de Oliveira de Azeméis a Nossa Senhora da La-Salette já só veio em 1870, quando o Padre João José Correia dos Santos, Abade da Paróquia, organizou uma procissão de penitência levando o Santo Cristo ao Monte do Crasto e aí sugeriu a construção de uma capela para a Santa. Reza a lenda que ainda o padre não tinha acabado o seu discurso quando o Verão escaldante, que vinha a afligir a população pela seca que trazia e assim fazia antever o fantasma da fome e da miséria, deu lugar a uma chuva abençoada. Estava criada a lenda e, um ano mais tarde, a primeira pedra foi lançada no local onde hoje é o Parque de La-Salette. A imagem da Nossa Senhora, esculpida no Porto em 1975, aguardou pacientemente na Igreja Matriz que a Capela, a sua Capela, fosse terminada em 1980.
Actualmente, as festas em honra da N. Senhora começam com a levada da imagem da Capela até à Igreja Matriz, no centro de Oliveira, numa procissão noctívaga de uma beleza singular. Os cânticos, as velas, as pessoas tão diferentes que se juntam num mesmo propósito e assim transcendem o eu individual, passando a pertencer, quais elos de carne e osso e alma, a uma corrente de fé e de amor -- linhas que só mostram que estive a ler o "Amar, Comer e Orar" ou coisa que o valha nestas férias, mas isso é
No segundo Domingo do mês a imagem é trazida de volta à Capela, numa procissão já diurna e na qual figuram todos os meninos e meninas das Comunhões. Eu gosto, entre outros, de ver a evolução das modas, e lembro-me sempre do quanto eu queria umas mangas de balão no vestido da minha Comunhão Solene e mamãe nada, ainda hoje dizendo que eu fui muito bonita e que o meu vestido foi copiado em comunhões futuras e ainda por lá andam vestígios (era em bordado inglês de gola quadrada, e tinha um pormenor giro, um cinto feito de duas fitas de cetim largas, uma cor-de-rosa e uma marfim, que se sobrepunham).
A procissão deste ano foi assim...
O antes de e o começo, os cavalos a abrir a procisão, as bandas, e os meninos. |
A Nossa Senhora de La-Salette. |
O fecho da procissão. |
As gentes crentes. |
O fim. |
E como não há procissão sem tambores e banda filarmónica...
Ide em paz e que A Força vos acompanhe.
Sem comentários:
Enviar um comentário