terça-feira, 9 de agosto de 2011

Maria Bê, a dar trincas blogosféricas de há seis meses para cá

Há precisamente seis meses, estava eu no correio, naquele que fica mesmo ao fundo da Desert Foothills e, estando uma fila medonha eu a precisar de ocupar os minutos, de repente, vinda nem sei de onde, assolou-me a questão que também pelo mundo vai fazendo toda a diferença sempre que tal momento chega, "e porque não?". E foi ali mesmo, naquele correio que fica mesmo ao fundo da Desert Foothills, que eu abri o blogspot e criei um blog. Não este, exactamente, mas o seu projecto.
Tudo me tinha feito desistir da ideia até então, das razões mais importantes às menos. A primeira, fulcral, o receio de não ter nada interessante para dizer. Ou que não interessasse fosse a quem fosse, assim sim, chamemos as coisas pelos substantivos adequados. Porque, como já por cá escrevi um dia, tudo o que eu digo interessa, quanto mais não seja a mim. Mas, como também mais recentemente escrevi, escrevemos um blog para partilhar com os outros, e se o que nos vai na alma e na ponta dos dedos não interessa a mais ninguém, então que dizer do interesse do próprio? -- fica aqui ressalvado o reconhecimento de que talvez nesta questão não tenha exactamente o rabo a ver com o short, tentativa de dar alguma finesse à expressão popular segundo a qual o cu e as calças podem ou não ter a ver um com o outro (além do que no meu blog não se escreve a palavra "cu").
A segunda, não menos importante, o eu do blog. É que, por muita graça que ache a alguns alter egos exageradamente presunçosos que vou lendo, em pouco tempo me cansam, e eu acabo sempre por me refugiar naqueles blogs "com gente dentro", gente que tem gostos e desgostos, risos e lágrimas, excesso ou falta de peso.
A terceira, a quantidade certa de mim. Ligada inextrincavelmente à questão anterior, a decisão sobre o quanto de mim expor era importante. Querendo algum anonimato que me permitisse a independência, ao mesmo tempo sentia necessidade de mostrar a quem me lesse que havia alguém atrás do écran. Ao fim de seis meses de escrita quase ininterrupta (durante os cinco primeiros meses foi-o, juro) ainda me debato com esta questão.
Mais ou menos resolvidos estes considerandos, propus-me à tarefa em mãos. Um nome, um nome, o meu reino por um nome. Um nome que fosse "eu" e ao mesmo tempo não estúpido de todo (é que um e outro andam, feliz ou infelizmente e algo amiúde, de mãos dadas). De que é que eu gosto mesmo e sem o qual não passo? A resposta, tão simples, pois se o José Severino era mais bolos, eu sem dúvida é mais bolachas (surpreendeu-me que não estivesse já ocupado o domínio). E quem escreve que é mais bolachas? Uma Maria como eu e como a bolacha que fez e faz as minhas delícias com qualquer acompanhamento ou sem nenhum. Uma Maria Bolacha, nome entretanto já tomado por uma jovem com melhor sentido de oportunidade e que assim fez surgir a Maria Bê, com "e" e acento circunflexo, bê de bolacha, naturalmente.
Perseguindo-me ainda a dúvida sobre o porquê de eu ter dado o passo de mera leitora a redactora, creio saber no meu íntimo que vejo no meu blog uma companhia, umas vezes o Grilo Falante que me escuta sem tecer comentários, outras vezes pessoas com nomes e perfis que conversam comigo, ora em directo ora em diferido.
E que (tão mais) felizes têm sido estes seis meses.
Obrigada.

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