segunda-feira, 18 de julho de 2011

Temperamental, moi?!

As semanas da chegada são sempre atribuladas, e esta última não foi excepção. A única excepção que lhe encontro, aliás, é a dimensão do caos, em grande parte explicado pelo jet-lag da mini-bolacha, que acordava às quatro da manhã com uma disposição fabulosa para a conversa, saltos, abraços e xis, correrias, e tropelias várias. Por isso as minhas tardes, ao invés de serem investidas em actividades de amplitude utilitária vasta, foram investidas no meu colchão Molaflex, do qual até tinha saudades. Muitos têm portanto sido os textos que me têm apetecido escrever mas que têm ficado invariavelmente adormecidos nas gavetas do meu cérebro e que, mal-grada boa vontade, muito provavelmente aí ficarão sem nunca chegar a ver a luz do dia.
Ora uma das muitas ideias (geniais, sem dúvida, adjectivo que posso invocar sem falsas modéstias pois que V. Exas. o mais provável é jamais lhes botarem as vistinhas em cima) que tive foi escrever sobre a Moody's. Mas Maria, dizeis vós com um tom imediatamente (e com todo o direito!) arreliado, já andamos saturados disso. Esperai, amigos, e dai-me algum tempo para explicar a ideia e o trocadilho tão giro que me ocorreu, até ides achar graça, eu prometo (e se por acaso já o tiverdes lido noutras tascas, peço-vos apenas alguma tolerância com esta ovelha que tem andado mais tresmalhada mas que com tempo vai voltar a este albergue virtual no qual debita opinanças que vós fazeis o obséquio de ler e que, para seu incomensurável gáudio, até comentais).
Voltemos então à Moody's...
O Webster, dicionário (também online) nascido um mui pomposo Merriam-Webster mas a que eu, moça de trazer por casa e dada a estas proximidades abusivas, carinhosamente trato pelo segundo nome, e que conheci como um calhamaço sensivelmente maior do que uma folha A4 e da grossura de quase um palmo, preto de lombada amarelada pelo tempo e pelas muitas investidas curiosas e sedentas de saber, define moody da seguinte forma:

Merriam-Webster, moody, 19 de Julho, 2011

Adjectivo cujo primeiro uso foi registado em meados de 1593, portanto sério, de provecta idade, e ao qual devemos algum respeito não obstante o seu uso habitual se destinar à descrição do estado de humor das gaijas quando momentaneamente acometidas daquele instinto assassino capaz de virar o mundo pelas costuras, e que se me permitem o aparte devia ser admissível em tribunal como desculpa perfeitamente plausível para seja o que for. Alguém moody é alguém que está num estado de humor muito particular, normalmente mais negro, ou então dado à mudança de humor, mais ou menos repentina. Amigas, isto faz tocar campainhas? Amigos, isto faz tocar campainhas?
Faz portanto todo o sentido, pelo menos nesta minha cabeça destrambelhada, que a agência de rating Moody's seja, também ela, dada à oscilação de humor repentina, à maluqueira, e à tomada de atitudes que, uma vez passada a hormona, parecem tristes e dignas de arrependimento (a lágrima também condiz com o estado de espírito, quer um quer outro). É pois de cabeça quente que são tomadas estas decisões sobre scores e pontos e lixeira. Que foi, agência, querias uns sapatinhos Helsar, a malta não tos deu, e agora amuaste e resolveste dizer que estão verdes, não prestam? Ou quem diz uns sapatinhos diz uns pasteis de nata, que te fazem engordar e lá se vão as calças brancas estivais, as tais que têm estado na gaveta à espera de dias mais quentes e rabos menos grandes.
Penso na Moody's e vêm-me à cabeça gaijas. Gaijas altas e baixas, gordas e magras, louras e morenas, mais ou menos pitosgas, mais ou menos cheirosas, fazer o quê? Já não é a primeira vez que confesso gostar de um estereótipo! E de tanto fazer as pazes com este meu lado menos científico até quis ir pesquisar o organograma da instituição, analisá-lo com cuidado, entender até que ponto (não) estou enganada, saber do mulherio que por lá esbanja charme. Confesso-vos mesmo que, sabendo de antemão que a minha queda para o estereótipo já tangencia o exagero, espero ver na sua direcção uma dama e não um cavalheiro, não que estes últimos não sejam dados à hormona e se passem do ovário, esquerdo ou direito isso é lá com eles e este não é o momento de para aqui vir discutir política, mas assumo a minha expectativa, a minha hipótese nula, se quiserdes que aqui ponha um ar mais científico (da treta), que na direcção da Moody's há por lá muita gaija (dada ao desarranjo hormonal, temperamental, ou eléctrico).
E foi assim que descobri: o acesso ao site da Moody's está vedado a IP's portugueses. Porquê? Porque aqui a malta, enraivecida com a cotação fedorenta atribuída pela agência ao nosso Portugal, que isto de dizer mal dos portugueses é propriedade única, exclusiva, e privada dos próprios portugueses (ah pois!), consta que decidiu boicotar o site e invadi-lo com utilizadores, tornando-o inoperante (ver mais aqui). O site da própria está, portanto, inacessível aos portugueses, a Moody's está amuada e não atende os nossos telefonemas e nem lê os nossos SMS. Talvez se lhe mandarmos flores a fera acalme. Ou bolachas, que comigo resultam sempre.

2 comentários:

  1. Fantástico! é mesmo isso... continuação de boas férias no molaflex mas com muita inspiração

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  2. Lucy,
    Merci! E olha, se for caso disso, para ti também!
    Um sorriso!

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