Sábado, dia 2 de Julho de 2011. A Amy e o Jason têm o seu rehearsal dinner, um jantar que reúne a trupe mais íntima do casório e junta as famílias chegadas, as damas de honor, os best-men, a criatura das alianças e sua família, e mais alguns que agora não me ocorrem. Amantíssimo esposo pertence a um destes grupos, sendo um best-man, e por isso estamos convidados para o jantar e para a welcoming reception que se seguirá, às 8:30 (não resisto a acrescentar pm). O jantar, se não estou em erro, será às cinco e meia -- sem comentários.
No dia seguinte, no Domingo, se nenhum dos noivos entretanto mudar de ideias e resolver dar às de vila Diogo, ou se ambos não mudarem de ideias e apanharem um voo ali para Vegas, será o casório. Hora fina, final de tarde, seis e meia.
Organizada (gente da poda talvez lhe diagnosticasse um ligeiro transtorno obsessivo-compulsivo), a noiva já nos enviou um email com instruções que, a ser impresso, e eu sei porque experimentei um print preview, ocuparia cinco páginas. Tudo está escalonado, sei por exemplo que o bolo será cortado às 9:20 e que cinco minutos depois virão as "special dances" que eu não sei o que são mas é assim que aparecem na lista.
Eu até gosto de instruções, e gosto de saber a ordem do cortejo e do jantar. Sei, por exemplo, que se ceder à gula e me enfrascar de bebes e enfardar uns quantos comes logo às sete, não terei tempo suficiente de digerir a coisa até ao jantar, pois que às 7:45 "guests invited inside for dinner".
Mas tudo isto são detalhes, e eu até tenho muito a dizer sobre este casório em particular e os casórios americanos em geral, só que, meus amigos, infelizmente, não temos tempo. Ou eu hoje não tenho, ainda que supostamente esteja de férias.
O que me está a apoquentar a molécula é que amanhã, pela primeira vez, tenho de esticar o cordão umbilical um pouco mais do que o costume. Mais do que as não sei quantas milhas que separam San Rafael de Sacramento, onde é o casório, separar-nos-ão dias, horas que de tantas eu nem quero começar a pensar. Parecer-me-ão imensas. Já mo parecem, aliás, enquanto a miúda dorme no quarto ao lado.
Já por várias vezes avisei a minha sogra, hoje, que estou com um bocadinho de separation anxiety. E enquanto a treino nas rotinas do deitar e lhe explico que o leite é aquecido durante 40 segundos no microondas, e lhe digo também que é com ela se lhe lê o livro antes ou depois do leite, mas o que tem mesmo de fazer é lavar-lhe os dentes, penso que nunca ninguém o faz tão bem como eu. Marido e pai da rapariga lê-lhe o Goodnight Little Bear a fazer vozes doidas (o próprio Little Bear soa-me um bocado gay, mas enfim) e é bem capaz de o fazer melhor do que eu, mas os miminhos que lhe faço na cabeça, o sussurar do "a mamã gosta muito da bolachinha" (no kidding), o chamar dos anjinhos que lhe guardam os sonhos, isso ninguém o faz melhor do que eu. Estou quase quase a mandar o "Post-Wedding (Hangover) Breakfast at the River House" (palavras da Amy) ao romper das dez de Segunda para o espaço e ficar com a minha pequenina a brincar com os livros, puzzles, e demais brinquedos, enquanto me lamento de que nunca faço nada, sou uma escrava, patati, patatá.
Bolas, nunca estou bem com nada! Até porque, descobri agora enquanto procurava detalhes sobre o hotel (Ryde Hotel, no delta de Sacramento), que não só não há televisão nos quartos como também não há ar condicionado! -- Sacramento é uma tosta e eu já não estou habituada a esta falta de mordomias. Com isto já arranjei qualquer coisa com que ocupar o Tico e não pensar na tal da ansiedade. Eu bem devia ter desconfiado quando li, há nem sei quanto tempo, que uma opção de quartos, a "European", tinha uma "shared bath".
Valham-me os deuses da Art Déco...
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