sexta-feira, 3 de junho de 2011

Alguns amigos que deixam de o ser

Há pessoas que pensamos ficarão para a vida. Conhecemo-nos, gostamo-nos, fazemos a dança da sedução da praxe e, alturas tantas, sem sabermos bem como, estamos ali para o que der e vier. É preciso boleia para o hospital, eu vou. Queres conversar e eu estou a escrever código e não me dá jeito nenhum parar agora, diz, conta-me tudo.
Mas pessoas dessas há, das tais que pensamos ficarão para a vida, que ficam só por uma chuva, como se fôssemos um affaire passageiro, que importam as juras de amizade, os jantares combinados aquando dos regressos à pátria, as visitas prometidas. Que importam os jantares de Natal partilhados, os bolos de aniversário decorados com joaninhas, as pataniscas e arrozes de pato saboreados com o galito de Barcelos no centro da mesa.
E o que é curioso é que, quando já nos prometemos que não pensaremos mais naquelas vezes em que dançámos e cantámos Ivete Sangalo à maluca e na figurinha que fizemos a cantar a Chama Ardente dos Delfins a plenos pulmões sem a desculpa conveniente de estar alcoolicamente inebriada -- a Chama Ardente dos Delfins é embriaguez garantida para os meus lados, sorry -- as memórias voltam à carga.
E voltam sempre nas coisas pequeninas. Há pouco foi um "pobrecito" que escrevi em vez do tão tradicional coitadinho, de que gosto tanto e uso tão amiúde.
Tenho pena. A minha Ivete já não é a mesma coisa.

Nota do lencinho: Não vale a pena dizerem-me que nunca foram amigos in the first place. Porque foram sim, que eu não faço as coisas pela metade. É como estar grávida. Ou se está ou não está. Assim como morto. Mas não gosto de coisas tristes. Ou se gosta de palhaços ou não se gosta.

6 comentários:

  1. Fiquei curiosa. Que passa??

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  2. Olha que não, Maria Bê. É só chegar perto daqueles de quem nos separámos, que parece que vieram só por uma chuva, juntar poucos, pouquinhos ingredientes tais como a alegria do reencontro de pares, o galito ou não, comidinha portuguesa na mesa - com certeza - e eis que a Ivete reaparecerá qual fénix renascida, ainda com maior energia. Os amigos têm esta qualidade de ausência sem tempo (um ano, dois ...foi ontem).

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  3. Micas,
    Há amigos que são de maratona, de corrida de fundo, que estão ao nosso lado e de cujo lado estamos faça chuva ou faça sol. Até podem trovejar os raios e os coriscos, chover os gatos, os cães, as vacas, e as galinhas, mas nem eles nem nós arredamos pé.
    E depois aqueles amigos que vêm mesmo só pela chuva e se vão com os primeiros raios de sol. Outras chuvas trarão outros amigos.
    É assim mesmo.
    Um sorriso amistoso!

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  4. Kate,
    Não se passa nada. Só saudades de uma amiga-por-uma-chuva que costumava dizer "pobrecito". As pessoas vão, as recordações ficam. E às vezes tenho saudades, é só isso.
    Um sorriso!

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  5. Há pessoas mais fortes e pessoas mais fracas.
    Umas trabalham muito muito muito e só as compreendemos qd também passamos a trabalhar mt mt mt. Outras sofrem mt mt mt e acho q tb so as vamos compreender se passarmos pelo mesmo. Espero mesmo nunca passar por isso, mas se passar e se te tratar mal por favor perdoa-me.
    "Quando a chuva passar... e o tempo abrir..." (Ivete)

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  6. Minha tão querida Miss Lu,
    Tens toda a razão, há pessoas mais fracas e pessoas mais fortes. Mas a fraqueza não serve de desculpa para tudo. Até porque, uma vez ultrapassada a dificuldade em questão -- perdoem-me todos os outros por ser tão críptica -- havia mail, feice, skype, e por aí fora. O que não houve foi vontade.
    Tu nunca hás-de passar pelo menos. E se a desventura te bater à porta, eu estou por lá para te dizer, como continua a Ivete, abra a janela e veja: Eu sou o sol!
    Um sorriso solarengo e um xi saudoso!

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