Sendo que as escrituras sugerem que o sétimo foi dia de descanso, o casal bolacha decidiu de outro modo e resolveu dedicá-lo à jardinagem. Mais precisamente ao sistema da rega, que imediatamente soa mais aborrecido do que a ideia romântica de passar o dia a tratar de flores. O pouco relvado que existe atrás da casa tinha -- e tem -- umas manchas castanhas que indiciavam falta de água, e havia que atacar o problema antes que sucumbisse totalmente à sede.
Armados de pás e ancinhos, o casal dedicou-se ao desenterrar dos sprinklers para assim perceber o porquê da falta de água. Sobrolho transpirado, unhas cheias de terra, e costas doridas depois, chegou senhor bolacha à conclusão que não era tanto a falta de água o problema, mas sim a falta de electricidade. Aquelas bombas estavam ligadas ao circuito das do lado da casa, num planeamento cuja explicação ainda agora escapa ao casal. Estas, as do lado da casa, estavam desligadas de modo a deixar morrer a relvinha que lá tinha sido deixada pelos antigos moradores, que era muito bonita mas uma chatice quando se queria caminhar até ao portão, porque não havia -- e não há! -- passeio.
Fazer o quê, então, se num lado se queria dar viço à relva, e no outro nem por isso? Exactamente! Escavar todos, T-O-D-O-S os doze sprinklers que estavam devidamente acomodados no lado da casa e substituí-los com umas pontinhas vedadas.
Boa ideia, execução tramada, e eis que senhora bolacha vos escreve de unhas ainda um pouco sujas e bem mais rentes do que seria desejável a tão estimada senhora. Também é possível ver as listas vermelhas onde as suas carnes tenras foram vilipendiadas pelo ancinho e pela pá. Uma tristeza que só vem provar que, apesar do seu toque mágico que transforma reles e simples plantas ou arbustos em exemplos de natureza virada poesia, um aparte aqui para excluir o caso das orquídeas, que ainda estão em teste, a verdade é que a madame não foi talhada para o trabalho duro. Espera então que o marido aprenda a lição, pois que à custa do esforço não fez lasagna para o jantar.
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