quinta-feira, 3 de março de 2011

Rubrica das Sextas-feiras #3: O Provedor

[Diácono Remédios, O Aviso]

Pára tudo, pára tudo! É Sexta-feira, dia abençoado em todo um calendário da malta que trabalha, portanto não num meu!, e dia de momento nostálgico aqui na confeitaria.
Esta semana, com as actividades lúdicas da minha piquena bolacha, sobre as quais um dia destes escreverei um postzinho cor de rosa e cheio de diminutivozinhos, e com a rebaldaria internética que se passou com aqui com o computador, as disponibilidades mental e temporal primaram apenas pela ausência, coisa que até o blog reflectiu (não foi só o monte de roupa para lavar e demais lides domésticas).
E, ao que parece, a trindade demoníaca parece não me dar tréguas: não bastavam o cabrão do PMS a sarnar-me a molécula e a internet a perder o pio, agora é filho da put@ do cabo da bateria que não funciona e me deixa o computador entre os semi-acordados e os semi-adormecidos, não se decide se a current power source é o AC adapter ou a battery. Caramba, acho que vou ali num instantinho acender um incenso, cantar umas rezas e fazer umas macumbas, e depois venho aqui acabar o texto.
Pois o tema hermaníaco de hoje é algo apropriado face ao destilar de vocábulos pouco próprios que nos últimos dois dias invadiram a minha casa. O que me valeu foram os dois pacotes de Chips Ahoy! que comprei no Target no fim-de-semana, num rasgo incomum de clarividência. Ora uma pepita de chocolate aqui, uma pepita de chocolate ali, e de pepita em pepita a coisa foi-se levando e o Brutus voltou a uma harmoniosa convivência com moi même e a facilitar uma mais ou menos harmoniosa convivência cá entre nós. Mas dizia que o tema é apropriado à verborreia obscena que por cá se fez ouvir. E é apropriado porque me faltava alguém assim, alguém responsável pela manutenção do nível e decência linguísticos.
Há mais ou menos vinte anos, Herman fez nascer, sabe-se lá inspirado por quem, um provedor de cabelo lambido, bigodaço farfalhudo, e fato e gravata pretos condizentes com um semblante taciturno e a postura derrotista de um estereotipado homem do clero. Diácono Remédios aparecia a Portugal enquanto protector da moral e dos bons costumes, rápido na censura e no visionamento de toda a obra artística de maior ou menor nível intelectual.
Toda uma juventude e maltas mais ou menos crescidas rapidamente identificavam o dedo indicador recurvado dando pancaditas no tampo da mesa. Bastava ouvir o "meujjjjje amigojjjejjjjjejjje" para logo nos acorrer à memoria o "não havia nexexidadejjjjjjjjjjjejjjjjjejjje". Ainda hoje, não é?
Eu bem sei que apropriado apropriado era o vídeo da semana passada, o tal do Movimento  Associativo Renovador dos Sofredores Anónimos de Pornolalia. Hoje ficamo-nos pelo lápis azul e pelos piiiiiiiiiis.

Nota da autora: O linguajar de baixíssimo nível que cá em casa se fez ouvir anteontem e ontem em nada contradiz a argumentação da própria sobre a sua delicadeza no trato e na verve. Quando muito demonstra que é mentirosa.

2 comentários:

  1. Bom dia (noite), Sem sono, nada melhor que um chá "verde" e umas bolachas da Joan para acompanhar...
    Fantástico este Diácono e a interpretação da "Bloguer" acerca da maneira mais profunda de um povo descobridor como o nosso em se expressar...
    Aconselho a leitura de algo escrito pelo meu autor preferido brasileiro (aprecio tantas coisas brasileiras...O Carnaval p/ explo ?!...) Millor Fernandes - A profundidade de um Fod@-se (que por acaso não tenho aqui à mão se não mandava-vos...).
    Eu e osmeus pares lá no trabalho utilizamos frequentemente esses códigos profundos de comunicação, mas a mais frequente e´: da-se, ou sa fod@...
    Quando comunicamos assim o chefe diz: lá estão vocês a practicar o Vosso Francês...
    Bem, já tocam os grilos e tenho que me assear que o trabalho espera - que vale é sexta que para quem trabalha é o melhor dia da semana, como por assim dizer é um dia do c@r@lho...

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  2. Boa noite/bom dia para ti (para mim agora são nove da noite, para ti o novo dia ainda mal começou, são quatro da manhã),
    Bem-vindo ao meu blog, mesmo a essa hora quase indecente!
    Gostei muito desse teu modo de me acompanhar. Eu sou mais de infusões, com a erva do momento a variar consoante a disposição, há dias em que sou mais cidreira, outros mais camomila... mas bom bom é um cházinho de hipericão do quintal da minha avó... quentinho a fumegar... ah, saudades...
    Beijoca!

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