segunda-feira, 15 de julho de 2013

One month to go

Hoje começo em modo countdown. Pensando bem, há sempre um countdown para qualquer coisa, seja uma viagem, um encontro, um almoço, uma consulta no dentista, ou mesmo até à próxima bolacha. Gosto de countdowns, mais de uns que de outros, naturalmente. Às vezes a espera é metade do gozo, os eventos em si passam tão rapidamente que eu pisco os olhos e puft, já passou.

O countdown que começo é até à minha próxima grande viagem, que me levará e aos rebentos (a São João diz que não posso escrever "crias") até aos (a)braços de Monsieur Bolacha. Tenho saudades dele (ou de como, com o coração já embaciado pela distância, o lembro). Faltam-me, principalmente, os abraços de bom dia, hábito que criámos há onze anos e fazem as manhãs chegar mais sorridentes.

Também tenho saudades da minha casa e do meu espaço, do ar condicionado. Não tenho saudades dos escorpiões e nem do pica-pau com relógio interno avariado e que teima acordar a casa às seis da manhã, a pica-par na chaminé bem em cima do meu quarto. Tenho saudades de conduzir na Chandler e ver as montanhas ao fundo quando chego ao cimo da colina. Não tenho saudades do calor extremo, abafado, do sol que queima a pele. Tenho saudades dos senhores sorridentes no supermercado, têm sempre um comentário afável. Não tenho saudades de conduzir em downtown Phoenix, as pessoas têm pressa de chegar ao seu destino e buzinam e ultrapassam como... como cá. Tenho saudades das minhas first-Friday's com a Amanda. Não tenho saudades do quão pindérica é a moda por lá, o americano não sabe o que são sapatos bonitos. Tenho saudades da minha Ana.

Hoje inicio aqui o countdown de volta à minha (outra) terra. A viagem será um pesadelo, sozinha com os dois miúdos, mas sobre isso pensarei depois. Hoje vou apenas pensar que estou quase lá, saudosa também de sentir saudades de cá, onde tenho sempre a ilusão de que desta vez será diferente, o que nunca é.

4 comentários:

  1. Crias é melhor que rebentos. A não ser que sejas um bambú :D

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  2. Ui.
    Tenho um familiar que foi para lá (Phoenix) com o filho e o marido e jurou para nunca mais.
    Ao fim de 6 meses, voltaram todos para a Europa.
    Calor extremo, má adaptação do filho à escola e saudades do mar foram as principais queixas.

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    Respostas
    1. Olá!
      Ai sim? Mais portugueses por lá e eu não soube disso? Oh que pena...
      Phoenix não é uma cidade fácil para um lusitano, especialmente se for do litoral. O mar faz realmente muita falta, e integra aliás o meu trajecto aeroporto-casa sempre que chego (vou sempre e sem excepção pequeno-almoçar a Espinho). O calor do Verão, a rivalizar com o do, por exemplo, Egipto, também não é pêra doce, mas aprende-se a gerir. É certo que eu fujo para cá mal posso, mas já lá passei um Agosto.
      A Europa é, pelo menos, mais perto, e é mais fácil matar saudades.
      Estou um bocadinho com a sensação que me deram um rebuçado e mo tiraram... alguma hipótese do teu familiar lá voltar?
      Sorriso!

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