quarta-feira, 17 de abril de 2013

Viver aqui

Viver neste país é muito simpático. As estruturas funcionam bem, no sítio onde vivo não se conduz à maluca, há espaços verdes (sim, mesmo no deserto). Viver neste país é seguro. Excepto quando não é.

Tão amiúde quanto posso faço o refresh na página da CNN para ver se se sabe (mais) alguma coisa dos atentados em Boston. O meu coração espreme-se e quase sufoca quando eu penso que muitos dos feridos são crianças. Meu Deus, crianças. Estes pais, estas mães em frangalhos, um dia que amanheceu como tantos outros.

Raispartaosfilhosdaputacabrõesdemerda que fizeram isto. Faltam-me insultos, faltam-me impropérios. Que os tivessem morto em bebés, afogado à nascença, sei lá. Mas também os responsáveis um dia foram crianças, foram bebés de alguém. Como é possível, pá? Qual é o momento em que alguém passa de bom a mau, de normal a anormal, de saudável a enfermo, de pessoa a monstro? Houve ali um ponto de inflexão ou foi um suceder de coisas, houve a dita palhinha que quebrou as costas do camelo ou nem por isso? Terão já nascido assim? Penso sempre na questão da nature versus nurture. Nascemos assim ou é a vida que nos corrompe?

Viver neste país é, com alguma regularidade, conviver com fenómenos destes. Os tiroteios são simultaneamente chocantes e expectáveis, quase. Mas bombas, bombas não, pá. É, se o posso dizer, a cobardice extrema. Raispartaosfilhosdaputacabrõesdemerda que fizeram isto

1 comentário:

  1. E pensar que tudo isto é feito em nome da fé.. já seja numa religião ou numa ideologia, há quem diga que a fé move montanhas.. nestes casos qual é a montanha que foi movida?, a do medo, a da confiança?

    É triste que por culpa de uns poucos, tantos tenham que sofrer.

    Jorge

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