domingo, 2 de dezembro de 2012

Tenho para mim que há um motivo sério para que, para os pais, os filhos sejam os mais lindos do mundo

É que senão vendiam-nos (ou davam-nos) ao circo quando os petizes chegam aos três anos. Ou desfaziam-nos de pancada. Quais terrible twos, quais quê. Penso, aliás, que se não há uma expressão castiça para definir essa idade é porque faltam adjectivos ao dicionário (temíveis três não lhes faz justiça, talvez um terrifatrocious sirva enquanto espero por sugestões). Também já me ocorreu que pode ser para manter esperançada a malta cujas crianças chegaram aos dois anos, que se pode enganar pensando que já passa, que é uma fase que não tarda nada termina. Tretas. Hoje nem sei como a miúda saiu inteira do quarto. Espanta-me ainda mais que tenhamos saído ambas a cantar, enamoradas uma da outra como se vê nos filmes. Não sei que anjo baixou em mim, mas eu hoje, se pudesse... ai se eu pudesse...

Palavra, às vezes apetecia-me ler menos livros, revistas, e blogs sobre educação, e assim ceder mais facilmente ao impulso da palmada. Ou fazê-lo sem me sentir a pior mãe do mundo. Penso nas mães que conheço e vejo-as tão compostas, tão meigas, e eu...

Dizem os livros que se faça o "positive reinforcement" e eu re-inforço muito positivo, chego mesmo a sentir-me uma personagem da Rua Sésamo de tantos louvores: "a mamã gosta muito quando pedes se faz favor", ou "eu gosto muito quando és meiga". Todavia nem sempre consigo. Lá está, sou eu quem tem de saber comportar-se para a ensinar, se as lições correm mal a responsabilidade é minha e só minha, mas há momentos em que já não aguento mais, quando todos os meus botões foram pressionados e só vejo vermelho à frente. Hoje foi um desses momentos (uma dessas manhãs, melhor dizendo). Mas eu mantive a compostura e saímos do quarto felizes depois de uma luta de quase duas horas que me obrigou, alturas tantas, a sentar-me em cima das pernas da rapariga e a segurar-lhe nos braços para que não me pontapeasse ou batesse. Sim, a birra foi quase épica. Mas a fera foi domada. Por hoje. Uma de nós aprendeu a lição. Espero que tenha sido ela.

8 comentários:

  1. Sabes, acho que o time out não é só um castigo para os miúdos, é também uma oportunidade para os pais se afastarem, respirarem fundo, e não cederem ao impulso de os estrafegarem. Aqui de uma não mãe, muita solidariedade. Passo a vida a dizer que se tivesse filhos acabava a afogá-los todos na banheira, ele há dias que não sei como os pais não vão direitinhos ao manicómio.

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    1. Concordo contigo. Mas até o time-out com ela é difícil, porque ela depois não quer sair, meaning que há um novo medir de forças e uma dificuldade acrescida no fazê-la sentir na pele a chain of command.
      Acho que o manicómio aqui do sítio já tem uma vaga com o meu nome, é que as histerias da mini miss aliadas à privação do sono não são nenhuma receita de saúde mental.
      Um sorriso almofadado e branco!

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  2. Palmada espana pó nunca fez mal a ninguém! De certeza que a tua mãe o fez contigo e nem por isso a coisa deixou de correr muito bem!...

    Beijos solidários da cidade das acácias!

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    1. Minha Ruiva, a palmada na catraia normalmente fá-la rir. Yep, um riso histérico nervoso e absurdo, mas não resulta muito. Já dei por mim a dar-lhe uma e outra palmada, cada vez mais fortes, e ela a rir a rir a rir e eu a desesperar a desesperar... Só muito de vez em quando, muito de vez em quando, faz um pequeno efeito. Os time-outs surtem mais efeito mas há o pequeno problema que referi no comentário acima.
      Esta miúda vai levar-me à loucura. Ai vai vai! Sorte a dela ser tão bonita...
      Sorriso!

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  3. Gosto tanto de ler estes posts, é que a maioria das mães tem crias fantásticas sem birras, dóceis, e ainda têm tempo de pintar as unhas e andar impecáveis e de saltos altos, e mais não sei quê.
    E a minha ainda não fez 2 anos e cansam-me as birras diárias que faz para ir dormir (fora as outras). Deixa-me acreditar que é uma fase que para a semana já passou...

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    1. Triss, eu ando despenteada, de sapatilhas (ténis?), e com as unhas por arranjar. Verniz?! Ponho na cria para não roer as unhas e as peles, a safada. Não tenho tempo para nada e sinto-me um farrapo. Estou cansada, só quero dormir quatro horas seguidas -- não é pedir muito, pois não?
      Quanto às birras... hum... não mates o mensageiro, mas... hum... pois... pioram e com requintes de malvadez. Ainda por cima são cada vez maiores e mais pesados, o que dificulta ainda mais a coisa. Mas talvez a tua filha seja diferente... ou talvez não, hahahahahha!
      Um sorriso companheiro!

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  4. Ela está na idade de te mostrar que é uma pessoa diferente de ti, de te dizer que não só porque pode e de te desafiar sempre que tem oportunidade. Paciência, time outs e palmadas na hora certa são melhores que caldos de galinha e não só não fazem mal como, acredito, fazem muito bem. E esperar que passe, que diz que passa *

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