sábado, 30 de junho de 2012

Bloga bloga Maria

Tenho andado afastada do meu blog e da blogosfera em geral. Ainda não nos divorciámos, mas o computador cansa-me.
Investidos os primeiros dias do repouso entre catching up no sono e quinhentas mil pesquisas sobre pre-term labor, e depois de ter elaborado os enunciados dos segundos testes (os meninos agora têm avaliação contínua) e tratado de mais meia dúzia de "pendentes", não me apetece computar. No caso do blog em concreto, receio não ter nada de verdadeiramente interessante para dizer.
Bom, podia escrever post atrás de post a descrever os meus findings sobre o parto pré-termo, as diferentes formas de torturar os meus vizinhos que me ocorrem, o quão saturada estou de estar em casa, ou as saudades que tenho de mim e da minha vida, mas acho que isso não seria interessante para os meus amigos blogosféricos. Talvez fosse um bom exercício para limpar o neurónio das teias de aranha que se vão instalando ou talvez fosse mais um factor de cansaço, mas o resultado é que não escrevo.
Receio estar a tornar-me uma pessoa enfadonha. Ensimesmada, um pouco por força da clausura, mas boring, o que é uma verdadeira chatice. Ao longo do dia vão-me ocorrendo alguns pensamentos bacocos que me apetecem dividir mas depois a auto-crítica inibe-me. Coisa estranha, sempre achei que escreveria o que me desse na gana sem pensar sobre o que pensariam de mim, mas não. Importo-me. Estúpida.
Penso naqueles que me conhecem e que não quero desiludir. Penso nos que não me conhecem e de alguma maneira cá vêm ler-me e não os quero desiludir.
Penso, penso, penso.
Sentada ou deitada, penso, penso, penso. E quero que passe mais um dia, mais uma semana, mais um mês. Quero que Setembro chegue rápido e que o seu fim traga o gordinho, rosado, e inevitavelmente feinho yet-to-be-named bebé que aos meus olhos será o mais bonito do mundo. Ah pois, a minha filha pergunta-me como se chama o bebé (adora perguntar o nome, até o seu, respondendo-se "M. Pequenina", tal como eu a chamo). Chama-se bebé, ora! Cheguei a ter medo de lhe dar um nome para depois o perder. Forcei-me ao desapego para não me envolver em demasia e depois sofrer ainda mais (a net vai-me mostrando que não sou a única a proceder assim; tanto do que faço e penso, aliás, é tão comum às mulheres que estão "de repouso" que é reconfortante).
Enfim.
Não tendo então nada de verdadeiramente interessante para partilhar, divido com vossas excelências, sempre tão bem vindas cá ao estaminé e recebidas com chá servido em chávenas e pires de porcelana sobre tabuleiro de prata com direito a paninho e, naturalmente, bolachinhas, como tenho usado o meu tempo internético. Há que desbastar o enguiço de qualquer maneira, e esta é a minha.
Tenho então usado o meu tempo para responder a emails, trabalhar um bocadinho (é inevitável), e surfar o site da Amazon (já comprei um moisés ("Used, like New", uma pechincha), um bunny para a miss Bolacha (será presente do irmão, ela adora bunnies, e o Iche, seu fiel e mui britânico companheiro de sonhos, é desta marca). Até já escolhi presentes de aniversário para o Mr. Bolacha -- estou indecisa entre os primeiros três livros da Mafalda e uns auscultadores noise canceling da Bose). Também tenho Facebookado um bocadinho, mais para ver o que andam os meus amigos a fazer do que propriamente para postar o que estou a fazer no momento e que varia principalmente entre "na casa-de-banho" ou "a ver televisão no sofá". Uma animação, portanto.
É desta que me desamigam... Seria pouco caridoso.

6 comentários:

  1. Então, Maria Bê, que desânimo é esse? Namora com o biscoitinho à vontade, dá-lhe nome, fala com ele! Os bebés têm mais força e crescem melhor se falarmos com eles e se sentirem acarinhados... Vai tudo correr bem, que melhor incubadora não existe! O biscoitinho já tem quase 28 semanas, logo logo vão chegar as 34!

    (um) beijo de mulata

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    1. Querida BdM,
      Infelizmente não sou o tipo de mãe que namora a cria dentro da barriga. Nasce-me a maternidade com o bebé e aí sim, toda eu sou mimo, e carícia, e voz melíflua. Até lá limito-me a gostar muito dele e preocupar-me com o seu bem-estar. Acarinho-o assim, ao meu jeito. Já a irmã dá-lhe muitos beijos, abraços, e pergunta-lhe como se chama. Acho que vão gostar muito um do outro.
      Um sorriso!

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  2. Bloga, Maria, bloga. É para isso que o blog serve, não é? Foi nele que partilhaste connosco o teu lado tão humano que te deixava impaciente com a pequenina M, com a tua vida de clausura, com a falta que te fazia ter gente e vida outra vez. Quem não gostar e se sentir desiludido é porque não te merece ler e se assim é olha, good riddance. Nós - que gostamos de ti como és, mulher e ser humano, com medos e frustrações e felicidades pequenas por mais um dia - estamos e estaremos aqui. Por isso bloga, Maria *

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    1. Mariana,
      Obrigada pela tua ternura com os meus desabafos e por escreveres tão claramente aquilo que eu penso mas à vezes esqueço. Gosto de ti!
      Um sorriso!

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  3. Olha Maria Bolacha, no meu jeito carinhoso (que já vais conhecendo via facebook, que a outra não há dinehiro para tal, sobretudo agora q a FCT decidiu atrasar os pagamentos e eu nem cheta para um creminho-de-sua-mamã-lindinho-que-só-ele tenho): deixa-te de tretas e mal cozimentos! Mas tu és uma bolacha recheada ou uma sem sal?!? Mau Maria, tu és uma bolacha recheada,em edição recheio extra 25% com cobertura de chocolate branco e tudo... E nós gostamos de ti assim, com neuras e tudo (que bolacha que se preze tb tem neuras, ou seria um biscoito - e claro seria imperfeita como só eles). Vai em frente, deixa o biscoito no forno o máximo de tempo possível - já sabes eu voto em Leonardo... Epá e olha aguenta-ta à bronca agora que foste provar a sin citty tens de arcar com as apostas!Todas nós temos os nossos partos (uns mais literais que outros), tu com medo de não chegar ao terminus, eu com medo que o terminus chegue antes de mim...
    Põe-te boa, mata mentalmente e várias vezes ao dia os vizinhos, fala com o biscoito e pensa que deste lado está gente a pensar em ti muito - até porque se só pensar no que deve dá dá em mais doida antes do tempo! :D

    Beijo da cidade das acácias, quase quase a voltar para o paraíso.

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    1. Miss Ruiva,
      Mercis, mercis. Vá lá, less complaining and more writing! Também já experimentei esse parto e posso dizer-te que, não sendo fisicamente mais doloroso, é intelectualmente mais desgastante. Mas lá chegará o teu dia, mais rapidamente se trabalhares mais e mais e mais e mais...
      Humph, sin city. Da próxima vez bebo só margaritas ou champagne, recuso-me a beber água da torneira! Ninguém me convence do contrário!
      Um xi sorridente!

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