E há lá melhor assunto?!
Miss ocupated, tão ocupated... os gajos do departamento escravizam-me!
Se me conhecesses saberíeis que digo isto com tom jocoso e acompanhado de um ar de gozo, não o digo maldosamente.
Digo-o, contudo, e apercebi-me disso a semana passada, com uma pontinha (um novelo inteiro) de arrependimento por ter voltado. Também por aquilo que o departamento me está a fazer (ou que eu deixei que me fizesse, coisa talvez pior, pois que aguentar com a frustração por não me ter defendido melhor, por ter deixado que me pisoteassem e se aproveitassem da minha boa vontade deixa-me ainda mais frustrada). E fundamentalmente, por o meu patrão me ter cortado os tais 22.453% de ordenado anual.
Mas voltando ao que me dói na alma...
Não é trabalhar muito, por favor não me interpretais mal, coisa que até gosto bastante de fazer. Aliás, foi fonte de grande satisfação constatar que ainda consigo, que ainda sou capaz, capacidade de que, dois anos integrais dedicados à maternidade volvidos, duvidei com todas as minhas forças. Como me angustiei a este propósito...
O que me faz doer o coração é ter visto a distribuição de serviço docente e ter constatado que, a seguir a um colega absolutamente fantástico e com uma produtividade que vale por pelo menos quatro excelentes profissionais -- ainda por cima um gajo porreiríssimo! -- sou a que tenho mais horas de serviço. De todo o departamento. Tenho cinco disciplinas ao todo, todas diferentes, e três delas novas. Trabalho que nem uma brutinha, sou eu e a produção de bolos em série do Continente (Zitinha, eu juro que não provei, mas até têm bom aspecto...).
Os que estão mais por dentro do assunto poderão lembrar que estou a acumular serviço docente, que não estive cá no primeiro semestre. A esses respondo que, em primeiro lugar, não estar cá não significa que não tenha trabalhado, afinal os três papers que estão na secretária do Barry à espera que os leia/corrija/melhore não se escreveram sozinhos, e nem os textos de apoio que escrevi para uma cadeira caíram do céu, antes fosse. Em segundo lugar, não sou caso único, outros houve a acumularem o serviço. Outro argumento, esse já válido, é que havia débitos (dívidas de horas lectivas) e que havia de pagar. Respondo agora que sim, infelizmente tinha débitos, como tantos outros colegas, mas o que não havia necessidade era de agora ter créditos (horas a haver).
Outra coisa que irrita até ao tutano é que o ECDU, o tal do estatuto da carreira docente universitária (chiiiique!), diz que as horas leccionadas depois das 20:00 valem por hora e meia. Viste-las!? Nem eu, dizem-me que o "departamento não faz" (que se lixe a lei). E ensino cinco destas. Fazei contas...
Fora estas questiúnculas há outras coisas que me estão a doer. São cinco. Cinco dias por semana que estou longe da minha filha, da minha boneca. Vou para a universidade à Segunda ao fim da tarde e só chego na Sexta à quase uma da manhã (tenho ensinado até às onze da noite). Vale-me mamãe, que é melhor avó e mãe do que eu conseguiria ser. Abençoada seja madame e sua ternura para com nossa menina.
Bolas, chega de queixas. Vou mas é trabalhar que amanhã dou aulas até às dez e meia (da noite) e alguém tem de as preparar...
I'll be back! Jeito Terminator para dar mais pedal...
P.S. Não aceito boas e devidamente justificadas defesas para o comportamento do departamento. Só quero comentários que me amaciem o pêlo e digam que estou repleta de razão. Estamos entendidos? Merci!
E achava eu que a minha meia laranja era escravizada... afinal, há sempre pior :-)
ResponderEliminarAndávamos com saudades tuas ....
Jorge
uma festinha no pelo, querida bê. já estávamos com saudades!
ResponderEliminarJorge e Bee,
ResponderEliminarE as saudades que EU tinha, huh?
Um sorriso!
Na academia em Portugal nao vejo quem nao ande "dorida". Um dia perdemos-te de vez para os US! E tambem nao acho la muito certa a mania que pegou por essas bandas, quando nos queixamos do trabalho, do "Da gracas a Deus que ainda tens!". Mas passando isto tudo 'a frente, pensa que com creditos depois tens outros semestres mais descansados!
ResponderEliminarMiss,
ResponderEliminarEstá para aí do para outra coisa. Entre o Estado a fintar-nos no ordenado, o nosso primeiro a mandar a malta emigrar, e o departamento a ajudar à festa, venha o Diabo e escolha.
A malta tem emprego porque dá o litro e porque já deu muito litro também. Os doutoramento saem-nos do corpo e a um preço que não se limita ao suor e sangue. Há as saudades, as festas de anos perdidas, a vida dos outros que nos passa ao lado, a eterna ausência dos almoços e jantares de famílias que nos roubam o lugar à mesa... enfim...
Um sorriso!