sexta-feira, 18 de novembro de 2011

Mais lenta, mais fraca, e mais baixa

Ando há dias para escrever sobre este assunto ainda que as frases que vão tomando forma neste caderno inepto que é o meu cérebro sigam caminhos distintos.
Como se em vez de uma estrada ladeada pela montanha à direita e pelo mar à esquerda (Highway 1, sentido sul), de uma beleza que a Helena seria capaz de descrever mas eu só fui capaz de fotografar e nem assim adequadamente, a minha fosse uma autoestrada cinzenta e aborrecida, sem árvores que mudam de cor com os beijos do Outono (como as da Carolina do Norte, ah que delícia conduzir para e das aulas), ou os cactos e decorações que se vêem pelo Arizona, ou mesmo as colinas douradas do centro-oeste da California no Verão.
A minha estrada seria menos bem redigida, eu aceito despudoradamente, mas também diria (ainda que talvez com maiúsculas no início das frases) que...
cada vez mais acho que a amizade segue as mesmas, mesmíssimas leis do amor, até na paixão e no desencanto, na prova de fogo das traições e das grandes zangas. no fundo, talvez tudo se resuma sempre a algo que não podemos concretizar em razões e motivos claros, ou sequer compreensíveis. amamos os nossos amigos com volúpia e arrebatamento, com suavidade e desvelo, com a urgência que advém de sabermos que sem eles somos menos, menos felizes, menos completos, menos fortes, menos capazes. mas às vezes, como no amor, exactamente como no amor, alguma coisa se parte, se quebra, se estraga, e já não são o quase tudo que eram para nós. e recolheremos evidências desse novo estado com a mesma perseverança e naturalidade com que antes amealhávamos as da consanguinidade. e olhá-los-emos nos olhos com a distância directamente proporcional ao tanto que nos foram, experimentando como o gume de aço, até cortar, essa frieza imperial. e pensaremos: era de ti que eu gostava tanto? era a tua voz que queria ouvir todos os dias, era a ti que queria contar tudo, era a tua opinião que eu procurava sempre? eras tu o meu irmão?
O resto não copio porque não concordo. Perder um amigo deixa-nos mais lentos, mais fracos, e mais baixos, não o oposto. Qual é a alma amputada que se sente perfeita?
Obrigada, Helena, pelo link. Sim Senhora General!
E, porque hoje estou assumidamente (mais) piegas, obrigada amigos blogosféricos. Gosto de vós. Sabíeis?

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