segunda-feira, 1 de agosto de 2011

A doutora dá licença?

Um gaja num pode andar ocupada, andar 'estraída, sem tempo para se coçar, real ou blogosfericamente, e é isto! Eu nem caibo em mim, eu só quero gritar impropérios aos quatro ventos, quiçá mesmo bater em alguém, logo a mim que sou gaja dada à paz, à bandeira branca, ao Gandhi, Hare Krishna, santinho, e Mazel tov.
Protesto! Protesto com toda a veemência de que sou capaz -- e até para aqui trago um gato, cão, escorpião, marido, e vassoura (passarinhos é que não porque detesto mesmo).
A I., a minha querida I. que de "minha" assim como assim não tem nada, que não me conhece (o que é uma pena porque eu sou boa pessoa e até cheiro bem) e que eu não conheço (aí a perda é toda minha), e que me vai alegrando os dias com as suas observações de elevado requinte e por isso lá apanha com o adjectivo, pumba, corre a cortina e sai de cena.
Para aqueles amigos que me lêem só porque sou eu quem escreve estas maluquices e depois lhes pergunto, como quem não quer a coisa, se vão lendo o meu blog, e agora que ando por perto não conseguem esconder o rubor que lhes invade as bochechas quando em seus cérebros lindos aparece o "ooops que eu não vou ao blog dela há pelo menos três meses", e que ainda não perceberam muito bem o interesse desta coisa dos blogs e como posso eu ficar aborrecida com isto, passo a explicar.
Isto de se andar na blogocoisa implica, normalmente, ainda que as duas coisas não sejam nem necessariamente inclusivas nem mutuamente exclusivas, ler e ser lido/a.
Quando nos lêem a malta gosta, sente-se feliz, afinal nós todos escrevemos (ou dizemos escrever) "para nós" mas é muito bom saber que alguém se interessa por aquilo que dizemos, ou senão íamos à papelaria e, se tivéssemos uns aeurios a mais e algum pedantismo até compraríamos caderninhos Moleskine, ou senão viessem de lá as Sebentas, e bem munidos de papel e de vontade, com calma debitaríamos as nossas memórias num diário. Se ainda na presença do tal do pedantismo, com uma canetinha Montblanc, ou sem este (ou os aeurios), com um lápizinho número dois. Resguardados do mundo e de seus olhares indiscretos ficariam assim os pensamentos que nos dessem na gana, mais ou menos real, mais ou menos plebeia.
Mas não só de escrever vive a blogosfera, e ler textos bem amanhados sobre assuntos mais ou menos inusitados é um divertimento. Pessoas há que olham para uma mesma lua e vêem, em vez de uma bolacha (need I say who?), um queijo, ou já agora, um elefante escondido dentro de um chapéu e a comer uma bolacha com queijo; durante anos e anos a minha blogosfera foi assim, uma blogosfera meramente passiva na qual me deliciava a ler textos atrás de textos e a descobrir autor atrás de autor. Um comentário tímido às vezes mas maioritariamente assim, uma leitora.
E de assunto em assunto, ao longo de meses de convivência virtual, eis que desabrocha em mim, movidos pela admiração pela pena e pela verve, um carinho, uma quase amizade, um pequeno gostar (eu sei, preciso mesmo de amigos novos). Daí que perder um blog que eu sigo, que leio com gosto, seja um pouco como perder um amigo cuja voz gosto de escutar e cujas opiniões, graçolas, ideias, e tolices, gosto de conhecer. Dizer adeus a um blogger que admiro é como não saber onde deixei o livro que estava a ler e ficar com a história inacab... assim, como uma palavra que não se termina.
E é por isso que fico triste que a I. decida fechar a porta e responder que não, que o doutor não dá licença, que faça o favor de ir falar com a menina Graciete que ela marca a consulta para outro dia.
Snif.

Óóóóóóóóóóó I.! -- suspira baixinho. Qualquer dia mando-te um emél.

4 comentários:

  1. Oh pá, é que é mesmo isso, é como perder um amigo, ainda que não lhe conheçamos mais que a escrita. Nos últimos dias isso aconteceu(-me) por 2 vezes - também sou grande fã da I. - e, se uma vez é muito, 2 vezes é demais!

    ResponderEliminar
  2. É uma tristeza, a quem o dizes. Nem quero saber ao certo tudo o que aconteceu para aqueles lados, mas até agora nao gosto nada das consequências. Ela volta, vais ver...

    ResponderEliminar
  3. Eu volto, vais ver. Querida Maria B(olacha), eu sou uma barata, agora a viver na despensa, mais tarde debaixo do frigorífico. E volto, é só fazer o luto, acabar as férias de praia, responder a uns emails (estou atrasada, mas não falho!) e amanhar uma nova casita (o tijolo custa muito a carregar!).
    E não perco de vista quem gosto de visitar. Ora, eu também te/vos ganhei vício!
    Beijinho e abracinho, extensíveis à Dorushka e à ritinha ;)

    ResponderEliminar
  4. Dorushka,
    Duas vezes!? Caramba!! Tens de ir à bruxa!

    Rita Maria,
    Estamos então juntas nesta coisa de não querer saber quem foi que trincou o pudim ou que se esqueceu da luz acesa, o que importa mesmo é que a I., que é nossa e que nos é querida (a brigada da redundância que vá ver se está a chover), volte! E que nos diga onde, claro!

    I.!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!
    Barata não! Pensa em ti como uma escorpioua (das boas, não no sentido de picar os incautos e distraídos), bem exótica e resistente, do congelamento às radiações nucleares (por cá os posts dos escorpiões são os que têm mais leitores, por isso devem ser coisa com finesse -- os escorpiões, não os posts).
    Tu vai a banhos, constrói a casa, decora-a bem decorada e depois anda cá dar um alô convidativo.
    Imagino que tenhas muitos eméls para responder e por isso ontem resolvi postar em vez de botar a mão na cintura e perguntar "mas afinal!?". Um destes dias...

    Um sorriso mais animado às três e um xi para a I., dos apertados, que lá na América faz-se assim (quais beijos, qual carapuça!).

    ResponderEliminar