quarta-feira, 13 de julho de 2011

Quatro da manhã, hey!*

Acordada pela cria a umas muito pouco próprias quatro da manhã (em rigor quem me acordou foi mamãe, que me adivinhou a dormir ferrada graças à extrema competência dos tampões anti-ruído que uso para abafar os insultos dos passos da vizinha de cima, as lambretas de escape furado dos operários fabris, os latidos dos canídeos da vizinhança e, natural, indubitável, e obviamente, os ditos choros da cria às tão pouco próprias quatro da manhã).
Não são mais quatro da manhã, são seis, e a cria está novamente na sua cama a chamar por mim. Cabrão do jet lag, que a faz acordar assim estupidamente cedo (ainda pensei escrever "a horas tão pouco próprias" mas depois pensei que dava muito trabalho e eu até estou na cama a escrever no iBicho, coisa que não dá jeito nenhum, e eu estou cansada, afinal não ando a dormir muito desde que cheguei, por exemplo ontem a cria acordou às quatro da manhã cheia de viço -- que raio de allure têm as quatro da manhã, podeis explicar-me, fora o facto de serem mais ou menos as horas a que vai dormir habitualmente (no Arizona) e a hora a partir da qual normalmente, uma vez acordada, não consigo voltar a adormecer (seja onde for).
Lá fora o dia já começou, sei que sim por causa do trânsito, aquele que mamãe teima ter diminuído bastante, "quase não passam carros" desde que fizeram a variante.
Ora a insónia até se pode revelar de alguma utilidade: de uma penada li todos os não sei quantos posts que foram publicados nestes últimos dias e que o reader tão gentilmente guardou. Eram mesmo muitos.
Continuo a ouvir chamar do quarto ao lado. Ao pensar que a vida não espera que termine o post lembro-me que, quando o comecei, do alto da insónia e da vontade de dormir, tinha tido uma epifania digna de uma caneca de café ou poster manhoso. Em inglês, porque senão não tem a mesma profundidade: life is what happens while you're busy blogging. Alguém já deve ter dito isto, é demasiado banal. Mas será que o puseram numa caneca? Ou num poster?

*Bem Bom, Doce, circa 1983.

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