quinta-feira, 16 de junho de 2011

Maria, a empata, ou 5.74 litros aos cem

Com a treta da pseudo-multa tornei-me num daqueles condutores que cumpre à risca os limites de velocidade impostos pela sinalização vertical. Chego mesmo a, pasme-se, conduzir uma ou duas milhas abaixo do limite quando mais contemplativa.
Tornei-me, portanto, numa empata.
O que empato propriamente não sei, porque, por respeito por quem comigo divide a estrada, deixo sempre alternativa para ser ultrapassada, não sou das que encosta à faixa mais à esquerda e depois ali vai, dolorosamente devagar, a perturbar o mais rápido fluir do trânsito. Conduzo então na faixa mais à direita, o que apenas numa situação dos meus trajectos habituais se revela uma chatice para quem me segue. É mesmo antes da Chandler Boulevard (sentido Este) se bifurcar entre a continuação da Chander e a Ray, que tem uma única faixa para quem vira à direita. Como normalmente só faço este trajecto à ida para o ginásio, portanto à Terça e à Quinta de manhã, não é particularmente doloroso para a comunidade condutora de Ahwatukee este meu vagar.
Ora para meu espanto, esta transformação na minha forma de condução deu-se de um modo bem menos pungente do que eu suspeitaria. No início conduzia assim por pura vingança, como se os demais condutores pagassem por tabela pelas regras estúpidas que exigem ser violada (nem que seja numa meia dúzia de milhas).
Mas agora, meus amigos, agora todo um novo mundo se abre diante dos meus olhos: são os passarinhos pousados nas flores dos cactos que consigo ver, são os estilos de corrida dos muitos atletas por quem passo que consigo discernir, são as diferentes tonalidades das flores que consigo observar... Ahwatukee é muito bonita e assim tenho mais tempo para gozar a sua beleza. Sim, descansai, os olhos vão sempre postos na estrada, mas como vou a passo de lesma, há tempo para tudo.
E os outros condutores, perguntais já algo abismados com este meu comportamento nada português. Pensais que ouvi alguma buzinadela, que alguém se colou à traseira do meu veículo numa de me constranger a andar mais rápido? Nada. O que, apesar de estar habituada ao pacifismo destas alminhas no que diz respeito à condução, até a mim surpreendeu.
Mais vantagens? Duas enormes.
A primeira noto logo no meu bolso. Na Terça-feira, à ida para o ginásio, fiz uma média de 41 milhas por galão. Trocado em miúdos... 41 milhas são 65.9831 km e 1 galão americano são aproximadamente 3.7854 litros, pelo que fiz uma média de 17.4312 km por litro ou, como habitualmente vem expresso, 5.74 litros aos cem (km). Nada mal!
O ambiente também agradece, a segunda vantagem e que se calhar devia ser a primeira mas a minha alma de pobre não deixa.
Finalmente, não acho que andar mais lentamente me obrigue a demorar assim tão mais a chegar onde quero. E, quando consigo esquecer que estou a ser uma empata, a viagem até é mais agradável e descontraída.
Quando estiver à rasquinha para ir à casa-de-banho acho que este zen todo vai pelo mesmo caminho que aquilo que o autoclismo levar. Mas até lá ohm!

2 comentários:

  1. Afinal há males que surgem por bem. Isto é: conduzes mais calmamente, dás mais atenção à mini-miss Bê, observas melhor o que te rodeia e ainda poupas um "moneysito". Quase te perguntas porque não veio a multa mais cedo, não? (eh, eh,).
    .

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  2. Micas,
    Conduzir e dar atenção à mini-miss não é boa ideia. Calmamente, já conduzo eu habitualmente. A diferença é que agora ando a pastar, e isso às vezes incomoda-me. Chateia-me ir a passo de caracol.
    Vamos ver como é em Portugal...
    Um sorriso vagaroso!

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