Os meus sogros são uns queridos.
Seis meses volvidos desde a sua última visita, ontem vieram cá passar a tarde. Seis meses é muito tempo, para alguns pouco, bem sei!, mas os gajos moram longe. Moram a doze horas de paciência para trânsito, dor de costas, e casas de banho de estações de serviço manhosas. Moram a doze horas de resistência a "e se déssemos antes um saltinho aqui ao México, que está tão perto que até já dá para lhe sentirmos o cheiro?" -- eu cá, que sou uma moça a quem a praia faz tanta falta que chego a alucinar com o cheiro a maresia e com a sensação da areia morna trazida pela brisa, não teria dúvidas.
Vai daí, apareceram cá em casa munidos de vontade de consertar torneiras, pendurar estores, atacar a selva que se assenhorou do jardim, e pizza para o jantar -- agora que penso, isto até podia ser um reflexo daquilo que pensam sobre os meus dotes culinários. Dizem que não querem dar trabalho, os fofos (e eu que detesto o adjectivo e seus derivativos!).
Os meus sogros são diferentes do meu conceito de sogros. Os meus sogros não gostam de se intrometer, perguntam se podem vir, e não telefonam para não incomodar. Podem passar-se semanas sem que conversemos de voz.
Temos costumes tão diferentes que há momentos em que sou eu que os invado com todo o meu lusitanismo e os abraço e obrigo aos beijinhos à chegada e à partida. Devem achar-me castiça e toleram as minhas manias. Mas acho que este jeitinho mais quente de ser já os tocou. Depois do jantar, a minha sogra perguntou se eu queria que me fizesse uma french braid. E pronto, lá fiquei de trancinha, jolie que só eu...
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