Eu não sou rebelde mas a minha orelha direita é

Abstraiamo-nos primeiro de se a minha orelha direita é de esquerda ou de direita, isso não interessa nada para o blog ou para a própria, que sempre esteve onde esteve e nem nunca se questionou sobre a sua orientação.

Ontem deu-me e fui maluca. Fui mesmo maluca. Muito maluca.

Por sugestão de mamãe, que naturalmente é chamada para o relato, talvez assim encontre forma de partilhar a responsabilidade pela minha e só minha e de ninguém mais do que minha decisão, entrei na Claire's em busca de bandoletes para a pequena miss que se vai descobrindo gente cabeluda e com necessidade de pertences que incluem elásticos, ganchos, travessões, e as próprias. Entrei com uma missão apenas, a de encontrar no meio de tanto pom-pom, laço psicadélico, e coisa pirosa em geral, um apetrecho decente para a guedelha da rapariga.

E foi então que vi, perto da montra, no lado esquerdo (direito de quem entra), o cantinho da furação (pareço uma engenheira a falar, este é um termo técnico da indústria de moldes, que bem endoutrinada estou). As misses da loja ainda por cima eram simpáticas e começaram a conversar com a mini-miss e eu... perguntei se faziam furos na cartilagem.

Daí até sair da loja com um brinco na cartilagem da orelha direita foi um instantinho. Um acto de rebeldia numa pessoa habitualmente tão, à falta de melhor adjectivo, boring.

E pronto, há uma pequena parte de mim que é rebelde. Estou orgulhosa. Também estou dorida e mal dormida, que isto afinal é um furo na orelha.